A
situação diz respeito a São Paulo, mas o tema é de interesse de todo o
Brasil, para que não se repitam os mesmos erros. O prefeito de São
Paulo, Fernando Haddad, resolveu implementar um programa absurdo de
suposto combate ao crack. Eu sempre considerei, diga-se, que se trata de
um conjunto de ações que, a despeito de suas intenções, incentiva o
consumo da droga.
O prefeito
decidiu contratar viciados para o trabalho de zeladoria na região da
chamada Cracolândia. Eles recebem, semanalmente, R$ 15 por dia
trabalhado. Não são obrigados a se submeter a tratamento nenhum e ainda
têm direito a moradia em hotéis da região, administrados por uma ONG. O
nome do programa é Braços Abertos. Só se for braços abertos para as
drogas.
Aconteceu o
óbvio: com mais dinheiro circulando, o preço da droga subiu e,
acreditem, a qualidade média caiu, já que os que têm menos recursos
ficam com o produto mais barato, com ainda mais impurezas, o que
acarreta efeitos ainda mais nefastos para a saúde.
Haddad,
com o apoio de setores da imprensa, transformou a Cracolândia numa área
onde a polícia não entra. Virou território livre da droga. Resultado:
muitas outras centenas de viciados migraram para lá e passaram a ocupar,
definitivamente, o passeio público. Não há mais como transitar por ali
sem ser um deles. Os moradores dessa parte da região central estão
ilhados e viram evaporar o seu patrimônio.
Agora os
iluminados do prefeito tiveram uma outra ideia: instalar cercadinhos
onde os traficantes e usuários possam ficar, abrindo, ao menos, a
possibilidade de pessoas comuns transitarem por ali. O prefeito explica:
“Nós organizamos o território para que não haja obstrução. As pessoas
têm o direito de transitar. Às vezes quando você toma uma medida causa
uma reação até as pessoas compreenderem. Quando verificarem que é para
melhor [a medida], vão acolher a sugestão. Agora, se houver uma outra
proposta estaremos abertos. Tudo ali está sendo pactuado”.
Entenderam?
A grade significa mais um passo rumo à oficialização da Cracolândia
como o território livre da droga. Dentro dele, tudo é permitido, menos a
dignidade. “Organizar território”, assim, na expressão do prefeito,
significa entregá-lo aos traficantes e consumidores de drogas. E o
estupefaciente, leitores, é que há ongueiros reclamando de
discriminação, entenderam? Eles querem aquela região definitivamente
privatizada pelo narcotráfico.
Parabéns,
Haddad! O senhor se tornou um gerente muito dedicado de um dos círculos
do inferno. São Paulo continua, agora, à espera de um prefeito.
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