E
o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), continua no seu
melancólico papel de mero esbirro do Palácio do Planalto no caso das
CPIs da Petrobras, se é que não está resguardando algum interesse do
PMDB, que também tem suas raízes fincadas na estatal. Sem o apoio da
oposição — e, provavelmente, sem a sua participação —, o Senado instala
hoje a comissão formada apenas por senadores.
Como PSDB e DEM se negaram
a indicar seus respectivos membros — têm direito a apenas 3 num grupo
de 13 —, Renan o fez por sua própria conta, uma garantia regimental:
escolheu Cyro Miranda (PSDB-GO), Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Wilder Morais
(DEM-GO). Os dois últimos já afirmaram que rejeitam o lugar. Miranda
deve declinar da função nesta quarta.
Os
partidos de oposição se negam a integrar a CPI do Senado — que estará
sob rígido controle do governo — porque apostam suas fichas na CPMI da
Petrobras, a tal CPI Mista, composta de deputados e senadores. Ainda
que, nesse caso, ela tenha direito a apenas 7 das 32 cadeiras, o governo
tem menos controle da Câmara. Alguns peemedebistas, por exemplo, embora
formalmente membros da base aliada, não morrem de amores pelo governo.
“Meu
partido não vai gastar energia nenhuma na CPI do Senado. A CPI que se
impõe para investigar as denúncias sobre a Petrobras precisa trabalhar
sob o combustível da isenção”, afirmou, por exemplo, o senador José
Agripino Maia (RN), presidente do DEM. “Não tem sentido termos no mesmo
Congresso Nacional duas CPIs: uma do Senado, outra mista. Isso nos
cobriria de ridículo”, diz o líder do PSDB, senador Aloysio Nunes
Ferreira (SP).
É claro
que os dois senadores têm razão. Está na cara que o governo Dilma — e a
intenção já foi manifestada, ainda que de modo oblíquo — pretende usar a
comissão do Senado apenas como plataforma para atingir a oposição,
transformando aqueles que quiseram investigar a Petrobras em
investigados. Já se anunciou até mesmo a intenção de recorrer a truques
para estender a apuração a obras de São Paulo e Pernambuco, que nada têm
a ver com escândalo da estatal.
Renan, que
recorreu ao Supremo contra a CPI exclusiva da Petrobras, agora milita
para instalar as duas comissões. Há até a possibilidade de a mista
investigar alguma coisa. A do Senado é só plataforma de ataque. Se algo
sair errado na comissão mista, a retaliação contra a oposição partirá de
lá.
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