quarta-feira, 28 de maio de 2014

Indígenas voltam a ocupar gramado do Congresso em 2º dia de protestos





Eles são contra mudanças nas regras para demarcação de terras.


Grupo subiu em marquise na terça e também integrou ato na área central.

Do G1 DF
Índios chegam ao gramado do Congresso Nacional para protesto contra mudanças nas regras para demarcação de terras (Foto: Luiza Facchina/G1)Índios chegam ao gramado do Congresso Nacional para protesto contra mudanças nas regras para demarcação de terras 
 
Cerca de 250 índios de diversas etnias voltaram ao Congresso Nacional na tarde desta quarta-feira (28) para protestar contra mudanças na demarcação de terras, entre elas a proposta de emenda à Constituição (PEC) que transfere para o Legislativo a decisão de homologar terras indígenas e esvazia o poder da Funai, atual responsável por elaborar estudos de demarcação.


Cacique guarani Adolfo Timóteo, durante protesto em Brasília (Foto: Luiza Facchina/G1)
 
Cacique guarani Adolfo Timóteo, durante protesto no DF


De acordo com o cacique Adolfo Timóteo, da etnia guarani, o grupo aguarda respostas para a situação dos indígenas no país. "Até hoje o governo federal não demarcou nossa terra. A Constituição garante isso. Estou aguardando a comissão sair, pois queremos uma resposta."

Com faixas e cartazes, os manifestantes passaram parte da tarde no local, aguardando um retorno de lideranças indígenas com representantes do Legislativo. Enquanto esperavam, cantaram e dançaram no gramado.

Policiais militares formaram um cordão de isolamento entre o espelho d’água e o prédio para evitar que, à exemplo do que ocorreu na terça, eles subissem na marquise do prédio. A ação ocorrida pela manhã foi pacífica e terminou sem depredação às obras ou feridos.


"Estamos aqui pois nosso território está ameaçado. Nos sentimos desrespeitados e atacados, principalmente pelo agronegócio", afirmou na ocasião Sonia Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.

 
 
Cordão formado por policiais militares para evitar que indígenas voltassem a ocupar marquise do Congresso Nacional (Foto: Luiza Facchina/G1) 
 
Cordão formado por policiais militares para evitar que indígenas voltassem a ocupar marquise do Congresso Nacional
 
Mais tarde, o grupo se juntou a familiares do auxiliar de serviços gerais Antônio de Araújo, sumido há um ano após abordagem policial, e a movimentos sociais que questionam os gastos com a Copa do Mundo em uma manifestação nos arredores do Estádio Nacional. Um indígena acabou atingindo com uma flecha um cabo da cavalaria. Ele não foi detido, de acordo com a PM.

Durante o confronto, o Batalhão de Choque chegou a lançar gás lacrimogêneo contra os manifestantes. "A gente não se assustou muito com a polícia ontem. Nís vivemos isso no dia a dia dos nosso estados", disse Cláudio Carmona da etnia guarani.
O cacique Timóteo disse ainda que a PM agiu de forma truculenta. "Nosso objetivo era chegar até o estádio pacificamente. Mas eles [Polícia Militar] quebraram o acordo, ficaram com medo, por que a imagem que eles tem é de que somos selvagens."

Contra o Mundial
 
O protesto contra a Copa em Brasília teve início por volta das 17h, quando integrantes de movimentos sociais se concentraram na Rodoviária do Plano Piloto para criticar os gastos públicos na Copa e reclamar de problemas nas áreas de habitação, saúde e educação.
Índio mira flecha na direção do Estádio Nacional de Brasília, durante protesto contra a Copa


O ato também reuniu familiares do auxiliar de serviços gerais Antônio de Araújo, que desapareceu no dia 27 de maio de 2013, após uma abordagem policial na cidade satélite de Planaltina, e os indígenas, que mais cedo haviam ocupado a marquise do Congresso Nacional.

Após a concentração no terminal, os manifestantes saíram em marcha pelo Eixo Monumental em direção ao Estádio Nacional Mané Garrincha. A Polícia Militar diz que os manifestantes aproveitaram madeiras e pedras de restos de obras na Feira da Torre de TV, ponto turístico que fica próximo ao estádio, para tentar agredir os policiais.
Na tentativa de evitar que o grupo se aproximasse da arena, os 900 policiais mobilizados para o protesto passaram a disparar bombas de gás lacrimogêneo.

O protesto ocorreu durante dia de visitação pública à Taça da Copa do Mundo, que encerra, em Brasília, um tour pelas cidades-sedes do evento da Fifa. O ex-jogador e tetracampeão mundial Bebeto participou da exposição no estacionamento do Estádio Mané Garrincha. Alegando falta de segurança, a organização do evento fechou o o acesso do público assim que os manifestantes começaram a entrar em confronto com a PM.


Indígena mira flecha antes de acertar perna de policial durante protesto em Brasília (Foto: Reprodução/TV Globo)Indígena mira flecha antes de acertar perna de policial durante protesto em Brasília
 
 
Responsável pela exposição no estádio, a Coca-Cola classificou as manifestações como parte do "processo democrático", mas lamentou que o protesto tenha impedido que centenas de pessoas conseguissem visitar a taça. A organização manteve a visitação desta quarta.

De acordo com o Conselho Indigenista de Missionários, dois índios também ficaram feridos com bombas de gás lacrimogêneo disparadas pelo Batalhão de Choque. A manifestação terminou com duas pessoas presas: uma desacato à autoridade e outra por dano ao patrimônio.

Em nota oficial, a Secretaria de Segurança Pública, os policiais militares agiram “estritamente dentro do protocolo previsto em casos de manifestações”. A pasta disse que o ato foi contido no limite da área de visitação da Taça da Copa do Mundo e que preservou a integridade física dos participantes.
 

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