Até o editorial
da Folha parece assustado, alertando para o risco de o PT “importar”
para o Brasil o que há de pior na Itália, uma espécie de Brasil da
Europa: a máfia incrustada na política. O jornal cita o caso do deputado
Luiz Moura, que teria ligações com o PCC, como já foi mostrado aqui.
A reportagem, no entanto, é incompleta e,
para atacar o PT, precisa jogar o PSDB no mesmo saco. O editorial
começa equiparando os dois partidos, cada um com seu “mensalão”,
ignorando que se trata de coisas completamente distintas, e depois ainda
emenda com o caso da Alston/Siemens. Deixou de fora uma lista
infindável de escândalos do PT que lotam as páginas dos jornais nos
últimos anos, tudo para dar a impressão de que são todos parecidos.
Mas mesmo assim consegue subir o tom no final e lançar seu alerta vermelho:
O deputado
estadual tem relações com o grupo político do secretário municipal de
Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, de quem recebeu R$ 200 mil para
sua campanha eleitoral. Um irmão, Senival Moura, é vereador paulistano
pelo PT e fundador de um sindicato de donos de lotações.
Se é cedo
para dizer até onde avançam os tentáculos do crime organizado, o PT não
pode esperar para conduzir sua própria investigação, célere e sem
subterfúgios, acerca desse episódio.
O
partido já perdeu, há quase uma década, a aura de paladino da moralidade
pública, mas seria devastador ver-se de alguma forma envolvido com a
escória das prisões e com o pioneirismo, por aqui, da contaminação
mafiosa que tanto envenenou a política italiana.
Só há um detalhe: o envolvimento do PT
com grupos mafiosos ou criminosos não seria novidade alguma para quem é
mais atento e acompanhou a trajetória do partido desde o começo.
No meu
livro Estrela Cadente, de 2005, publicado dois meses antes de
estourar o escândalo do mensalão, já consta um capítulo sobre a bandeira
ética totalmente falsa do PT. Ligações com bicheiros, máfia do lixo e
sindicatos sempre estiveram presentes no partido, mesmo quando era
apenas no âmbito regional.
Isso sem falar do elo com a ditadura
cubana, da afinidade ideológica e, segundo denúncias, ligações
financeiras com os narcoguerrilheiros das Farc, entre outros grupos
terroristas ligados ao Foro de São Paulo. Será que com este quadro em
mente o caso do deputado com o PCC deveria chocar tanto assim?
Creio que não. O que deveria chocar muito
mais, sem dúvida, é o fato de tanta gente ainda cair no conto do
vigário e achar que o PT tem ou teve algum respeito pela ética, a
decência, as leis e a democracia…
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