Vergonha!
Em 2012, houve 56.337 homicídios no Brasil. Não há guerra civil no
mundo que mate tanto. Ou melhor: há! A guerra civil não declarada do
Brasil.
A taxa de mortos chegou a 29 por 100 mil habitantes. Na Alemanha, é de 0,9. Mata-se no Brasil 32 vezes mais.
Segundo a
ONU, na América Latina e Caribe, com população estimada em 600 milhões,
são assassinadas 100 mil pessoas por ano. Com pouco menos de um terço
dos habitantes, o Brasil responde por mais da metade dos cadáveres. Esse
é um país real demais para produtivistas, administrativistas e
nefelibatas. A campanha eleitoral já está aí. Quem terá a coragem de pôr
o guizo no pescoço do gato?
Qual é o
nome? Impunidade. Mais uma vez, os dados desmoralizam os preconceitos de
boa parte da sociologia da pobreza. Tenta-se, de forma estúpida e
preconceituosa, ligar a pobreza à violência. Mentira! O Brasil cresceu,
em anos recentes, a taxas consideráveis. E a violência aumentou.
Quando
saírem os dados por estado, vocês verão que a violência explodiu no
Nordeste, e, no entanto, a região cresceu a uma taxa superior a de
estados do Sul e Sudeste. O que faz aumentar a violência não é a
carência, a miséria material. O que faz aumentar a brutalidade é a
certeza da impunidade.
Mais: os
poetastros da segurança pública apostaram que o tal Estatuto do
Desarmamento faria milagres. Tentaram até proibir a venda de armas
legais. Ora, a arma na mão de um homem de bem, comprada legalmente,
representa baixo risco. A questão é saber quem vai tirar o berro da mão
do bandido.
Ainda
voltaremos ao assunto. Há muito tempo, a questão dos homicídios no
Brasil é um tema que requer uma ação do governo federal, que é omisso a
respeito. O país nem mesmo conseguiu unificar um sistema de dados de
todos os estados.
Insista-se:
sozinho, o Brasil responde por quase 60% dos assassinatos da América
Latina e Caribe, embora tenha apenas um terço da população.
Existe uma guerra civil não declarada no país real, que não costuma aparecer no discurso dos políticos.
Recorde de assassinatos: Brasil teve em 2012 a maior taxa de homicídios desde 1980
O
Brasil atingiu, em 2012, a maior taxa de homicídios de que se tem
registro desde 1980. Os dados estarão na nova edição do Mapa da
Violência, estudo anual que detalha as mortes de causas externas no
país. Uma prévia do documento, que deve ser lançado nas próximas três
semanas, destaca os 56.337 assassinatos de 2012 e a taxa da 29
ocorrências para cada 100.000 habitantes. Até então, o ano com maior
incidência de homicídios na população brasileira havia sido 2003, quando
a taxa foi de 28,9.
O Mapa da
Violência toma como base o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM)
do Ministério da Saúde – referência empregada na maior parte do mundo,
por ser a mais precisa para especificar quantidade e tipo de óbito. A
análise preliminar disponível no site do Mapa é a de que, na década de
2002 a 2012, os homicídios crescem 13,4% – e, descontado o aumento da
população, há aumento de 2,1% no universo de casos. A próxima edição,
Mapa da Violência 2014 – Os Jovens do Brasil, ressaltará o crescimento
significativo de vítimas de acidentes de transportes na década – um
aumento de 38,3%, passando de 33.288 registros no país para 46.581.
O
crescimento de 2011 para 2012 nos casos de homicídio em todo o
território nacional foi de 7%. O aumento mais alarmante se deu em
Roraima, com crescimento de 71,3% na taxa. Ceará e Acre, com 36,5% e
22,4% também se destacaram negativamente. Só em cinco unidades da
federação foram registradas quedas nas taxas de homicídios, diz a prévia
do documento. Houve quedas insignificantes no Espírito Santo e no Rio
de Janeiro, e moderadas nos estados de Pernambuco, Paraíba e Alagoas.
A análise
preliminar disponível no site do Mapa da Violência destaca três períodos
principais de comportamento das taxas de homicídio no Brasil, a partir
de 1980. Entre a década de 90 e o anos de 2003, diz o texto, houve
“crescimento acelerado das taxas de homicídio, centrado na explosão
desenvolvimentista de poucas grandes metrópoles”. O país teve, em 1980,
13.910 homicídios – e taxa de 11,7. Em 1990, a taxa saltou para 22,2 –
ano em que foram registrados 31.989 assassinatos. Em 2003, quando a taxa
chegou a 28,9, houve 51.043 homicídios no Brasil.
De 2003 a
2007, destaca o estudo, “estratégias de desarmamento e políticas nos
Estados mais violentos resultam, primeiro, em quedas, e mais tarde em
estabilização nas taxas de homicídio”. O período de 2007 a 2012 é
marcado por uma retomada na tendência de crescimento dos homicídios, com
aumento de 15,3% no quinquênio.
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