Luiz
Moura, do PT, deputado estadual em São Paulo (acima), deve discursar
hoje na Assembleia Legislativa. Ele vai tentar explicar o que fazia numa
reunião com membros do PCC, o partido do crime.
Refresco a
memória de vocês. Em março, no auge dos incêndios a ônibus na capital, a
Polícia Civil estourou uma reunião que acontecia na sede da
Transcooper, uma cooperativa de vans e micro-ônibus, em que se
planejavam justamente os ataques. Lá estavam, acreditem!, 13 membros do
PCC. E quem mais participava do encontro? Ninguém menos do que Luiz
Moura, que é presidente de honra da Transcooper. Atenção, queridos
leitores!
Em três anos, essa cooperativa faturou, em contratos com a
Prefeitura, R$ 1,8 bilhão. Sim, vocês leram direito: um bilhão e
oitocentos milhões de reais! Há muito tempo a polícia investiga a
infiltração do PCC no sistema de transportes da cidade. Só para
registro: as dezenas de ônibus incendiados pertenciam, invariavelmente,
às empresas privadas; nunca às cooperativas.
Luiz Moura
é irmão do vereador Senival Moura, também do PT e igualmente ligado a
associação de perueiros. Ambos são considerados subordinados políticos
do secretário dos Transportes da cidade, o deputado federal petista
licenciado Jilmar Tatto — aquele senhor que, durante greve recente de
motoristas de ônibus, preferiu criticar a Polícia Militar.
Tatto, ora
vejam!, no papel ao menos, doou, sozinho, R$ 201 mil para a campanha de
Moura, o homem que estava na reunião com o PCC. Entendo. Tatto prefere
atacar outra sigla: a PM!
E o que
vai dizer o deputado? Petista não é exatamente criativo em situações
assim: vai jurar de pés juntos que não sabia que aqueles com quem se
reunia eram membros da facção criminosa. Eles nunca sabem de nada. Os
termos do discurso foram combinados numa reunião com a bancada petista
nesta terça. O partido criou uma comissão interna para analisar o seu
caso. Depois que a reunião veio a público, Tatto, o chefe político de
Moura, preferiu silenciar.
Moura tem
um biografia controversa. Foi condenado a 12 anos de cadeia por vários
assaltos a mão armada. Não cumpriu pena porque fugiu e foragido
permaneceu por mais de dez anos. Ao sair dessa forma particular de
clandestinidade, solicitou e obteve o perdão judicial. Em 2005, assinou,
imaginem, uma declaração de pobreza.
Cinco anos
depois, na disputa eleitoral de 2010, já declarava bens superiores a R$
5 milhões. Em 2012, disputou a Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos.
Nesse caso, seus bens eram de pouco mais de R$ 1 milhão. Qual vale? Não
sei.
Na
Assembleia, Moura é dado a práticas heterodoxas. Apresentou, por
exemplo, o recibo de compra de combustível a que tem direito. O
fornecedor, ora vejam!, é um posto de gasolina de que ele próprio é
sócio.
Não é uma
figura pequena no partido, não! Tanto é assim que, na festança de seu
aniversário, a estrela foi ninguém menos do que Alexandre Padilha,
pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. O vereador Jair Tatto,
irmão do Jilmar, também estava lá.
Compreensível! Não é todo dia que se
tem a chance de prestigiar o presidente de honra de uma cooperativa que
fatura R$ 1,8 bilhão em três anos em contratos com a Prefeitura. Padilha
deve saber o que faz e por quê.
O PT, como sempre, está dando a maior força a um de seus pilares morais. Quem pode negar que isso faz sentido?
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