Por Gabriela Guerreiro, na Folha:
O Congresso instalou nesta quarta-feira (28) a CPI mista da Petrobras (com deputados e senadores) que vai investigar denúncias de irregularidades na estatal. Ao contrário da CPI da Petrobras do Senado, que sofre boicote da oposição, a comissão mista de inquérito tem apoio de congressistas do DEM e PSDB –que compareceram em peso à primeira sessão.
Pré-candidato do PSDB à Presidência da
República, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu temporariamente a
liderança do partido no Senado para poder participar da instalação da
CPI e eleger o seu comando. A oposição tentou eleger senadores
“independentes” para o comando da CPI, mas aliados da presidente Dilma
Rousseff conseguiram emplacar o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) como
presidente da comissão por 19 votos a 10. O senador Gim Argello (PTB-DF)
foi eleito vice-presidente da CPI com 18 votos contra 11.
Vital já
preside a CPI do Senado da Petrobras, composta integralmente por
governistas. O peemedebista, que é fiel aliado do Palácio do Planalto,
vai acumular as presidências das duas comissões de inquérito. O deputado
Marco Maia (PT-RS), ex-presidente da Câmara, foi designado relator da
CPI mista.
Maia também mantém postura alinhada com o Palácio do Planalto
e foi relator da CPI do Apagão Aéreo, em 2007. A oposição lançou a
chapa dos deputados Enio Bacci (PDT-RS) e Fernando Francischini
(PSDB-PR) para a presidência e vice-presidência da CPI, mas as
indicações foram rejeitadas pela maioria governista. “É um protesto
contra essa dominação que quer estabelecer o governo nessa comissão”,
disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Ao
contrário do que afirmam congressistas do PSDB e DEM, os aliados de
Dilma sustentam que não é tradição do Congresso dividir o comando de
CPIs com a oposição. “Não é verdade aqueles que dizem que é tradição da
Casa dividir trabalhos”, disse a senadora Vanessa Grazziotin
(PCdoB-AM).
Dos 32 membros titulares da comissão, apenas 10 são de
partidos oposicionistas –embora três deputados do PMDB sejam
considerados de postura mais “independente”, como o líder Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). Membro mais idoso da CPI, o senador João Alberto (PMDB-MA)
presidiu a primeira sessão da comissão de inquérito. Com a escolha do
presidente, a CPI pode começar os trabalhos de investigação da estatal.
(…)
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