Por Paulo Roberto Gotaç
Em que pese a paixão pelo futebol ser compartilhada por
muitos países mundo afora, é razoável supor-se que a forte associação desse
esporte com o patriotismo possui características só encontradas no
Brasil.
O frisson que se apodera do povo quando a seleção está em
campo, é somente comparável à emoção sentida pela população de um país quando
seu exército- no caso presente, os onze gladiadores- luta pela glorificação do
orgulho nacional contra um inimigo externo. Corações e mentes polarizados,
enrolados em verde e amarelo, arrepios, lágrimas e a alegria incontida do
gol, são acompanhadas por erupções de amor pela pátria.
As ocasiões em que a seleção vence os mundiais - já são
cinco - explodem em manifestações catárticas, durante as quais bradam-se ao
mundo as virtudes e potencialidades do povo que habita este rincão abaixo do Equador.
Já houve até quem afirmasse que o futebol é a pátria de
chuteiras e que, antes da primeira conquista, o país sofria de um complexo de
vira-lata.
É natural que assim seja, face à carência, ao longo de sua
história, de grandes escritores, de notáveis cientistas, de políticos
realizadores e de pensadores profundos, fato ilustrado por não ser capaz de
produzir até hoje um agraciado com um Prêmio Nobel, quando vários vizinhos do
mesmo continente ostentam vários.
Não que tal laurel seja importante mas sinaliza muitas vezes
a importância que outros países dedicam à educação dos seus habitantes.
Orgulhemo-nos do nosso futebol, sim, mas exijamos de quem
nos governa que cumpra as promessas de campanhas eleitorais, calcadas desde
sempre na melhoria do nível de educação do povo.
Quem sabe, um dia nos emocionaremos com outras conquistas
tão ou mais importantes que as relacionadas ao futebol?
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
Postado por Jorge
Serrão às 09:31:00
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