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Por Milton Pires
Três fatos recentes me obrigam a voltar, nesse artigo, ao
tema “Mais Médicos” no Brasil.
O primeiro foi a publicação, no Diário Oficial
da União, da Portaria 734 de 2 de maio de 2014, o segundo; a reportagem do
programa “Fantástico” sobre a falta de médicos dentro dos hospitais brasileiros
que foi ao ar no dia 25 do presente mês e o terceiro; a criação do “Programa
Mais Médicos Brasileiros” por parte da SOBRATI – Sociedade Brasileira de
Terapia Intensiva – em conluio (esse é o termo jurídico correto) com a a UDABOL
– Universidade de Aquino Bolívia.
O “resumo da ópera” é o seguinte: médicos, farmacêuticos,
bioquímicos, dentistas, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos,
fisioterapeutas e fonoaudiólogos formados no Brasil, Argentina, Paraguai ou
Uruguai podem agora, livremente, exercer sua profissão sem qualquer outra
“exigência” de forma “intercambiável” nesses quatro países citados. Você pode
se formar num desses países em qualquer uma dessas profissões e exercer sua
atividade em outro: “tá tudo liberado”.
A reportagem do Fantástico, segundo tema da nossa discussão
aqui, veio para mostrar (vejam só) que existem Unidades de Terapia Intensiva no
Brasil funcionando sem médicos! Que “coisa”, né gente? Sobre isso digo o
seguinte: Em janeiro de 2005 (não 20004 como publiquei no Facebook), eu fui
acusado de quebrar a porta da Direção de um Hospital da Grande Porto Alegre e
de ameaçar o diretor daquela instituição.
Minha advogada disse que, hoje, o valor da precatória que o
Município (depois de ter perdido a ação) me deve passa de 50.000 reais. Querem
saber por que eu fui na sala do vagabundo que dirigia o hospital? Porque eu não
queria abandonar a UTI do Hospital sem médico! Hoje, quase 10 anos depois, a
escória da Rede Globo está começando o Fantástico com a pergunta: "Você
imagina que podem haver UTI's no Brasil sem médico??"
Nada como um dia depois do outro, não é? Seria irônico não
fosse o fato de tratar-se, evidentemente, de uma preparação para que a
sociedade brasileira passe a aceitar médicos estrangeiros dentro dos hospitais
públicos da mesma maneira que aceitou os cubanos na Rede de Atendimento Básico.
Atendendo esse objetivo, uma instituição, que não representa oficialmente os
médicos intensivistas do Brasil, une-se a uma Universidade da Bolívia e cria o
Programa “Mais Médicos Brasileiros”, onde (transcrevo aqui informação do site)
“profissionais de saúde com comprovação de dois ou mais anos de atuação no
Sistema de Saúde, poderão ingressar em Programa Especial de Graduação em
MEDICINA através da Universidade UDABOL com Supervisão da SOBRATI, seja no
aspecto da admissão, acompanhamento, formação e estágio.
Para tal os créditos educacionais básicos serão
automaticamente incorporados após avaliação escrita, permitindo o ingresso em
até o 7 semestre (de acordo com a formação curricular do profissional e
adaptações de disciplinas), permanecendo o estudante por mínimo de dois anos em
Santa Cruz - BO ( conforme classificação ) , em um ano de internato no Brasil
para as disciplinas básicas de Clínica, pediatria, GO e cirurgia. A ênfase será
em Urgência/Emergência.”
Temos pois, o seguinte: profissionais da área da saúde
“circulando sem problema” algum entre o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Temos a maior rede de televisão do país preparando o clima junto a sociedade e
mostrando pacientes morrendo dentro dos hospitais sem atendimento e temos uma
sociedade de especialidade envolvida com assistência tipicamente hospitalar se
preparando para trazer médicos para o país. Precisa mais ? Ninguém entende que
um hospital cheio de cubanos, bolivianos, ou seja lá quem for, sem formação NENHUMA
custa muito menos ao gestor público porque esses médicos não vão pedir exames
nem solicitar procedimento de alto custo algum ??
Meus amigos, no início de 2013 eu avisei que médicos cubanos
estavam chegando ao Brasil..e isso aconteceu..Eu avisei aos outros
profissionais da saúde que eles seriam os próximos; isso aconteceu...Em 2005 eu
paguei pessoalmente o preço de enfrentar uma administração hospitalar corrupta
para não deixar pacientes abandonados numa UTI e agora estou avisando que
estrangeiros vão ser trazidos ao Brasil e colocados dentro dos hospitais por um
governo que mata prefeitos e negocia com traficantes –
Vai Acontecer.
Milton Simon Pires é Médico.
Postado por Jorge
Serrão às 09:30:00
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