Por ao menos duas semanas,
Jeferson Monteiro, o dono do perfil Dilma Bolada nas redes sociais, negociou
trabalhar para pessoas próximas à campanha dos tucanos. Hoje, o personagem de
Jeferson é a sátira mais famosa da presidente petista na internet.
As negociações foram iniciadas
por meio de uma agência especializada em gerenciar perfis famosos na rede e
fechar parcerias entre eles e grandes empresas. Segundo relatos do próprio Jeferson,
este ano a agência está oferecendo seus serviços a partidos políticos.
Na tarde desta segunda-feira (19)
a Folha recebeu cópia de uma troca de e-mails entre Jeferson Monteiro e o
especialista em redes sociais que presta serviços para o PSDB mas não é
formalmente vinculado à campanha, Pedro Guadalupe. Na conversa, Monteiro
confirma interesse em negociar com os tucanos e diz que sempre havia deixado
claro para o PT que, se achasse necessário, fecharia parcerias com quer que
fosse.
Guadalupe, que trabalhou para o
PT em 2012, leva as conversas adiante diz que Monteiro pode se tornar
"inimigo" dos petistas e que é preciso "pesar bem" a
operação. De acordo com esses e-mails, Jeferson diz que "não tem como
haver problema. De fato, há tempos já tenho todos os cenários possíveis
estruturados para qualquer decisão fosse tomada". "Quanto a forma de
como será feita, prefiro mesmo expor detalhadamente como tudo ocorrerá somente
após estiver tudo certo", conclui.
Guadalupe diz ter chegado à
conclusão que o negócio não valia a pena. A partir daí, decidiu enviar a troca
de e-mails com Monteiro a uma série de pessoas, inclusive profissionais que,
assim como ele prestaram serviços nas redes sociais para o PT em eleições
anteriores.
Cerca de um dia depois de ele ter
repassado a mensagem a agentes do mercado de redes sociais e seis horas após a
troca de e-mails ter chegado à Folha, Jeferson Monteiro publicou em seu
Facebook a sua versão da história. Ele confirma ter negociado com os tucanos,
mas insinua ter dado continuidade às negociações apenas para ver até onde iam
levar.
"Ao fim da conversa, ele [o
representante da agência] perguntou se eu toparia fazer parte dos 'talentos'
dele para que fosse feita a negociação com a turma do PSDB. Para a surpresa
dele, eu aceitei. Por sua reação ele provavelmente deu pulos de alegria. Ele
não estava acreditando que já tinha o maior trunfo nas mãos: eu, com a Dilma
Bolada, para o ninho tucano", narrou Jeferson em sua página.
Monteiro confirma ainda que
trocou e-mails com Guadalupe. "Fui em frente, levando a coisa só pra saber
até onde ia a cara de pau. Informei que só assinaria após que estivesse tudo
acertado e depois que falassem de como seria de fato o tal esquema", disse
no Facebook.
"Diante disso, na semana
passada, a Agência combinou com Pedro Guadalupe uma reunião com os dirigentes
responsáveis pelo veredicto final... Pra mim foi o bastante. Eu, como vocês
podem ver, não esperei o tal veredicto. Resolvi expor tudo isso aqui porque eu
há mais de 1 ano venho sido constantemente atacado por pessoas dessa
corja", escreveu Jeferson. "Vocês deveriam ter sido um pouquinho mais
espertos e terem tido o feeling para saber que eu não sou e nunca vou ser como
vocês", conclui, numa referência aos tucanos.
Guadalupe rebate. Para ele, Monteiro
só decidiu "criar uma versão" pública para a negociação quando soube
que seus e-mails tinham sido vazados a pessoas ligadas ao PT. "Eu aviso
até a concorrência", escreveu em seu Twitter. (Folha Poder)
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