Ministro do STF disputou vaga no Conselho Deliberativo do clube em chapa que tinha entre os articuladores o dirigente gremista Eduardo Antonini, investigado na Lava-Jato sob suspeita de ter recebido R$ 500 mil de Youssef.
Ministro Teori Zavascki durante o julgamento do mensalão, (Carlos Humberto/SCO/STF)
Responsável pela decisão que concedeu liberdade ao doleiro Alberto
Youssef, ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e a mais dez
presos na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki disputou uma vaga no Conselho
Deliberativo do Grêmio numa chapa articulada e apoiada por um dos alvos
da investigação.
Na eleição, no ano passado, Zavascki integrou a chapa Grêmio Maior, que
tinha entre seus principais articuladores o dirigente gremista Eduardo
Antonini, investigado na Lava-Jato sob suspeita de ter recebido 500.000
reais de Youssef...
Tanto Antonini quanto Zavascki têm uma longa história relacionada ao
Grêmio, um dos maiores clubes de futebol do Rio Grande do Sul e do
Brasil. O ministro foi conselheiro da agremiação por duas décadas.
Eduardo Antonini, membro do conselho, chegou a ser vice-presidente do
Grêmio e, de 2011 até o ano passado, presidiu a empresa Grêmio
Empreendimentos, encarregada da construção do novo estádio do clube
gaúcho.
Na deflagração da Operação Lava-Jato, em março, a casa de Antonini, em
Porto Alegre, foi um endereços visitados pela Polícia Federal ao cumprir
mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. A residência, num
condomínio de luxo da cidade, era o local onde Youssef teria mandado um
emissário entregar 500.000 reais em dinheiro, segundo a PF.
Por meio da assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal, o
ministro Teori Zavascki afirmou que “conhece o sr. Antonini, inclusive
porque foi ele quem comandou a execução da obra da Arena Grêmio, mas não
tem qualquer relação pessoal com ele”. O ministro declarou que, na
última eleição para o Conselho do Grêmio, integrou mais de uma chapa – e
não apenas aquela apoiada por Antonini – e que não chegou a ser eleito
em nenhuma delas.
Zavascki disse ainda que não sabe se Antonini está sendo investigado ou
não porque ainda não teve acesso aos autos da Operação Lava-Jato e que,
mesmo que o dirigente gremista esteja entre os alvos, não se considera
impedido ou suspeito de atuar no caso “porque não tem qualquer ligação
pessoal” com ele.
A VEJA, Eduardo Antonini repetiu o que dissera Zavascki. Ele afirmou
não ter relação pessoal com o ministro. “Sim, eu fui um dos apoiadores
da chapa, mas o ministro Teori já era conselheiro do Grêmio. Em Porto
Alegre, todo mundo me conhece por causa de minha ligação com o clube.
Mas, privadamente, eu nunca estive com ele”. “A polícia não foi atrás de
mim. O que fizeram foi uma busca no meu endereço. E não encontraram
nada, tanto que eu nem fui indiciado”, afirmou o conselheiro do Grêmio.
Lava-Jato – Uma liminar concedida nesta segunda-feira por Zavascki
suspendeu todas as ações penais e inquéritos relacionados à Operação
Lava-Jato e deve resultar na libertação de doze investigados. Um deles, o
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, já foi solto. O ministro
também ordenou que o caso, que até agora corria na Justiça Federal do
Paraná, passe a tramitar no Supremo Tribunal Federal por envolver
parlamentares que, por lei, só podem ser investigados e processados pela
corte. Entre os envolvidos estão os deputados André Vargas (sem
partido-PR), Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Luiz Argôlo (SDD-BA).
Fonte: RODRIGO RANGEL e LARYSSA BORGES - revista Veja - 20/05/2014 - - 08:29:32
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