terça-feira, 20 de maio de 2014

Opinião: Obras de ficção abrem as campanhas


Diante da bruta realidade do país, o PT insiste ainda em se exibir num filme de ficção embora não consiga esconder o fato de que está irremediavelmente nu.


É função de qualquer peça publicitária chamar a atenção para o produto que se anuncia. No caso da propaganda política esta função é a mesma ou seja, o que está na vitrine sendo exposto para a venda é o partido com seu pacote de intenções genéricas. No caso de propaganda enganosa o antídoto está no Código do Consumidor ou CONAR. 
 
Livre das amarras contidas nas leis de mercado, em propaganda política tudo é válido, inclusive mentir e distorcer a história, apagando do contexto atual qualquer pista verdadeira que revele a fonte cristalina da verdade. Na nova propaganda nacional do PT para a televisão, um onipresente Lula diz em discurso para uma plateia mansa que o seu partido “não nasceu para fazer tudo o que os outros fazem.” De fato, embora tenha nascido pregando outros propósitos , o PT se aliou com o que tinha de mais atrasado na política do país e conseguiu, com isto, ir muito além dos ensinamentos dos mestres do passado. “Se alguém, dentre nós, cometeu um erro, tem que pagar pelo erro que cometeu”, diz em seguida. ...
 
O “se”, na condicional revela que o partido ainda não assimilou o mea culpa . Por outro lado é sabido que o julgamento do mensalão foi obra de uma parcela apenas do Judiciário , sendo que esta parcela sofreu todo tipo de pressão, inclusive com ameaças de morte. Internamente não houve providências do partido no sentido de punir os culpados, como reza o próprio estatuto em vigor. Por incrível que possa parecer foram expulsos justamente quem não compactuou com o modus operandi. No filmete Lula diz ainda: “Esse partido nasceu para provar que é possível fazer política de forma mais digna”. É possível fazer política de forma mais digna, mas não é o que vem sendo feito nestes últimos doze anos com a sucessão contínua de escândalos que ameaçam não só as finanças do país, como a segurança jurídica e a própria democracia. 
 
Na incrível capacidade de negar o óbvio Dilma afirma no vídeo que seu governo “será sempre o da estabilidade e da responsabilidade fiscal.” A estabilidade e a responsabilidade fiscal estão ameaçadas por metas de curto prazo que vislumbram apenas o horizonte eleitoral imediato, sendo que as contas públicas estão no vermelho e quando são apresentadas à nação sofrem, primeiro, um processo de maquiagem profunda, capaz de transformar um dragão num pássaro do paraíso. 
 
Na propaganda petista aparece ainda o presidente da legenda pregando a salvação de todos através de mudanças na Constituição que possibilitem a reforma política. Uma reforma em que o contribuinte entra com o financiamento das siglas e em que não possa eleger diretamente seu candidato, mas confiar na lista elaborada pelos caciques donos das legendas. Diante da bruta realidade do país, o PT insiste ainda em se exibir num filme de ficção embora não consiga esconder o fato de que está irremediavelmente nu. 

Fonte: Blog do ARI CUNHA - 20/05/2014 - - 08:03:09

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