FOLHA DE SP - 20/05
País cresce ainda porque governo usa reserva 'morta', como SP faz para evitar falta d'água
ESTÁ MAIS FÁCIL de acreditar que vai chover no inverno aqui no Centro-Sul do país do que esperar uma surpresa boa cair do céu na economia. A confiança do empresário industrial continua a cair, aliás está no vermelho, segundo a sondagem da Confederação Nacional de Indústria, que divulgou ontem seu levantamento para maio.
O desânimo apenas não é maior que o de 2009, ano de choque e espanto mundiais e de recessãozinha no Brasil. Mas note-se que a série dessa pesquisa da CNI começa em 1999. Logo, cobriu anos horríveis, como 2001 e 2002. O desânimo, portanto, parece anormal, ainda que se leve em conta que o nível de produção da indústria não é hoje muito maior do que era em 2008.
Outra sondagem do gênero, da FGV, indicava em abril que a confiança recuara para níveis também de 2009.
Os dados de maio, a respeito do ânimo de consumidores e empresários industriais, saem no final desta semana.
Tais sondagens não dão sinais muito bons sobre o futuro próximo da produção, mas indicam qual o andar da carruagem do mês a que se referem. Não auguram boa coisa para abril e maio, pois. O nível de desânimo é maior no Sudeste.
A última informação a respeito do resultado real da indústria refere-se a março (na pesquisa do IBGE). A indústria caiu em relação a março de 2013. No primeiro trimestre, encolheu em relação ao último trimestre de 2013. O emprego industrial recuou em março. A coisa anda feia especialmente no Sudeste, em particular em São Paulo.
É por esta época, maio, junho, que as previsões médias dos economistas costumam ficar mais certeiras a respeito do resultado final do ano. Trata-se aqui da centena de estimativas recolhidas semanalmente pelo Banco Central, compiladas no relatório chamado Focus. Prevê-se que a economia deva crescer 1,6% neste ano, com inflação de 6,4%.
O próximo resultado do PIB virá já com métodos e números revisados pelo IBGE, o que deve causar certa bagunça nas previsões (acredita-se que a economia cresceu algo mais que os 2,3% de 2013, talvez 2,8%, por exemplo). Ainda assim, pelo conhecimento possível com os dados atuais, estima-se que a economia piorou em relação ao ano passado.
Nada disso causa muita comoção "nas ruas", seja entre quem apenas trabalha ou entre aqueles que fazem ou apoiam protestos. A economia seca como os reservatórios d'água em São Paulo.
Ou seja, a situação está difícil, mas não causará revolta específica enquanto a seca não chegar à torneira, enquanto não houver desemprego, enfim.
Mas "falta água" ali e aqui. Vendem-se menos casas, escritórios, galpões e lojas sobram vazios, sem quem queira alugá-los. Menos gente trabalha, não se sabe bem o motivo. As vendas dos supermercados crescem mais devagar, embora ainda a um ritmo razoável.
A seca não chegou à economia em parte porque o governo federal usou o "volume morto", subsídios, reduções de impostos para empresas, endividamento para outros fins (sociais inclusive), para nem falar dos tabelamentos de preços. Isto é, empurra os problemas para frente. Não resolve nada; a conta fica mais cara, mas fica para amanhã.
País cresce ainda porque governo usa reserva 'morta', como SP faz para evitar falta d'água
ESTÁ MAIS FÁCIL de acreditar que vai chover no inverno aqui no Centro-Sul do país do que esperar uma surpresa boa cair do céu na economia. A confiança do empresário industrial continua a cair, aliás está no vermelho, segundo a sondagem da Confederação Nacional de Indústria, que divulgou ontem seu levantamento para maio.
O desânimo apenas não é maior que o de 2009, ano de choque e espanto mundiais e de recessãozinha no Brasil. Mas note-se que a série dessa pesquisa da CNI começa em 1999. Logo, cobriu anos horríveis, como 2001 e 2002. O desânimo, portanto, parece anormal, ainda que se leve em conta que o nível de produção da indústria não é hoje muito maior do que era em 2008.
Outra sondagem do gênero, da FGV, indicava em abril que a confiança recuara para níveis também de 2009.
Os dados de maio, a respeito do ânimo de consumidores e empresários industriais, saem no final desta semana.
Tais sondagens não dão sinais muito bons sobre o futuro próximo da produção, mas indicam qual o andar da carruagem do mês a que se referem. Não auguram boa coisa para abril e maio, pois. O nível de desânimo é maior no Sudeste.
A última informação a respeito do resultado real da indústria refere-se a março (na pesquisa do IBGE). A indústria caiu em relação a março de 2013. No primeiro trimestre, encolheu em relação ao último trimestre de 2013. O emprego industrial recuou em março. A coisa anda feia especialmente no Sudeste, em particular em São Paulo.
É por esta época, maio, junho, que as previsões médias dos economistas costumam ficar mais certeiras a respeito do resultado final do ano. Trata-se aqui da centena de estimativas recolhidas semanalmente pelo Banco Central, compiladas no relatório chamado Focus. Prevê-se que a economia deva crescer 1,6% neste ano, com inflação de 6,4%.
O próximo resultado do PIB virá já com métodos e números revisados pelo IBGE, o que deve causar certa bagunça nas previsões (acredita-se que a economia cresceu algo mais que os 2,3% de 2013, talvez 2,8%, por exemplo). Ainda assim, pelo conhecimento possível com os dados atuais, estima-se que a economia piorou em relação ao ano passado.
Nada disso causa muita comoção "nas ruas", seja entre quem apenas trabalha ou entre aqueles que fazem ou apoiam protestos. A economia seca como os reservatórios d'água em São Paulo.
Ou seja, a situação está difícil, mas não causará revolta específica enquanto a seca não chegar à torneira, enquanto não houver desemprego, enfim.
Mas "falta água" ali e aqui. Vendem-se menos casas, escritórios, galpões e lojas sobram vazios, sem quem queira alugá-los. Menos gente trabalha, não se sabe bem o motivo. As vendas dos supermercados crescem mais devagar, embora ainda a um ritmo razoável.
A seca não chegou à economia em parte porque o governo federal usou o "volume morto", subsídios, reduções de impostos para empresas, endividamento para outros fins (sociais inclusive), para nem falar dos tabelamentos de preços. Isto é, empurra os problemas para frente. Não resolve nada; a conta fica mais cara, mas fica para amanhã.
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