terça-feira, 20 de maio de 2014

Paralisação surpresa deixa paulistanos sem ônibus



Um dia depois de trabalhadores aceitaram reajuste, treze terminais estão parados



Do R7, com Estadão Conteúdo



Treze terminais de ônibus e o Expresso Tiradentes foram fechados na capital paulista nesta terça-feira (20) devido a uma greve que pegou de surpresa os usuários e o Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Cobradores). A paralisação, conduzida por funcionários da Viação Santa Brígida, ocorre um dia depois de motoristas, cobradores e empresas de transporte da capital paulista aceitarem o reajuste de salário e colocarem fim à possibilidade de greve da categoria.

Às 8h15 desta terça-feira, trabalhadores da Santa Brígida bloquearam o Largo do Paissandú com ônibus, que depois, foram abandonados sem as chaves no contato.

De acordo com a SPTrans (São Paulo Transporte), os trabalhadores pararam também os terminais Lapa, Pinheiros e Barra Funda e Butantã, na zona oeste; Casa Verde, Santana, Cachoeirinha e Pirituba, na norte; Sacomã, na zona sul; e Princesa Isabel, Amaral Gurgel, Bandeira e Mercado, no centro. A capital tem um total de 33 terminais. O Expresso Tiradentes também foi paralisado.


Paralisação de ônibus lota o metrô em São Paulo. Veja imagens
No Terminal Pinheiros, são 30 mil usuários, que têm à disposição 26 itinerários. Já o Terminal Princesa Isabel atrai 25 mil pessoas, que se distribuem em 20 linhas.

Na região da Barra Funda, a reportagem apurou que motoristas de ônibus das viações Sambaíba, Gato Preto e Sudoeste foram obrigados a parar, sob ameaça de terem os veículos incendiados. O Sindicato dos Motoristas confirma que os trabalhadores foram intimidados.


Um condutor da Viação Sambaíba, que não quis ter o nome revelado, disse ter ficado com medo e por isso resolveu parar. 

— Ameaçaram quebrar os carros. Eu que não vou me arriscar e colocar todo mundo em risco para continuar rodando.

A secretária Mariana Vargas saiu da zona norte, onde mora, e esperava chegar ao trabalho às 13h. Mas, por volta de 12h30 foi surpreendida com a paralisação no viaduto Pacaembu, na zona oeste.

— Eu tenho que estar na [avenida] Paulista daqui a pouco e agora sou obrigada a ir de metrô. E ainda pagando do próprio bolso.

A aposentada Lúcia Alves, de 75 anos, ficou indignada ao ser obrigada a deixar o ônibus e seguir caminhando até a estação Palmeiras-Barra Funda do metrô.

— É uma falta de respeito com a gente. Fazem isso sem avisar a população. As pessoas têm compromissos e dependem do transporte. Eles [grevistas] não vão conseguir o nosso apoio fazendo uma coisa dessas. 

Por volta das 13h30, a capital registrava 65 km de congestionamento, o que é considerado acima da média para o horário. A paralisação dos ônibus afeta importantes vias da cidade, como avenida do Estado, avenida Rio Branco, avenida Rudge, Rua do Gasômetro e toda a área próxima à Barra Funda.

De acordo com o diretor executivo do Sindmotoristas, Francisco Xavier, o "Chiquinho", a paralisação é provocada por um grupo que discorda da atual gestão da entidade. Na assembleia do dia anterior, todos concordaram com a negociação, inclusive os funcionários da Santa Brígida. A diretoria agora tenta identificar as pessoas que começaram a greve.

— No acordo de ontem, tivemos reajuste do salário, aumento do vale-refeição, extensão da licença-maternidade, reconhecimento da insalubridade e outras conquistas. São ganhos extraordinários em um momento delicado vivido pelo País. Não podemos permitir que algumas pessoas irresponsáveis façam a paralisação em nome de uma categoria que tem 40 mil trabalhadores.

A reportagem do R7 tentou entrar em contato com a viação Santa Brígida, mas não obteve resposta.


SPtrans

Por nota, a SPTrans informa que acionou a Polícia Militar para pedir apuração da responsabilidade pela paralisação dos coletivos e disse repudiar "com veemência os fatos ocorridos, como a retirada de chaves dos coletivos, impedindo sua circulação," acrescentando que "considera os atos sabotagem ao sistema e irá agir com o rigor necessário à apuração e punição dos envolvidos e responsáveis".

O Paese (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência) não pode ser acionado porque os terminais estão fechados e os ônibus não estão circulando. De acordo com a SPTrans, o plano funciona quando ônibus de outras empresas dão suporte às linhas afetadas. No caso desta greve, os coletivos estão dentro dos terminais fechados e não tem como retirá-los destes locais.

Segundo a SPTrans, ao todo, existem 28 terminais na capital paulista. Ou seja, quase metade estão fechados.


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