Blog do Aluizio Amorim
O jornal britânico "Financial Times" comparou a presidente Dilma Rousseff aos irmãos Marx em editorial publicado neste domingo. Com suas trapalhadas, o grupo de comediantes americanos fez sucesso no teatro, no cinema e na TV a partir da década de 1920.
O jornal britânico "Financial Times" comparou a presidente Dilma Rousseff aos irmãos Marx em editorial publicado neste domingo. Com suas trapalhadas, o grupo de comediantes americanos fez sucesso no teatro, no cinema e na TV a partir da década de 1920.
Entre
as "trapalhadas" de Dilma, o diário financeiro cita os preparativos para
a Copa do Mundo e a Olimpíada, o risco de desabastecimento de energia e
a deterioração do cenário econômico.
O video
acima mostra a Cena do Espelho, protagonizada pelos irmãos trapalhões
que o editorial do mais importante jornal de economia do mundo usa como
exemplo para o desempenho da “Presidenta”.
Transcrevo do site da Folha de São Paulo a tradução do editorial que pode ser lido no site do FT no original em inglês. Leiam:
Pobre
Dilma Rousseff. A presidente do Brasil projeta a tediosa aura de
eficiência de Angela Merkel, mas fala como se fosse os irmãos Marx.
O
atraso nos preparativos para a Copa do Mundo já causou embaraços ao
país, enquanto os da Olimpíada de 2016 são "os piores" já vistos pelo
Comitê Olímpico Internacional (COI).
A
economia também está em queda. O Brasil, até recentemente o queridinho
dos mercados, caiu em desfavor junto aos investidores. O país precisa de
um choque de credibilidade. Se Rousseff não conseguir promovê-lo, a
eleição presidencial de outubro o fará.
O
governo dela enfrenta três desafios imediatos. O primeiro é o escândalo
de corrupção na Petrobras. Em 2006, a estatal de petróleo pagou um total
de US$ 1,3 bilhão por uma refinaria no Texas que a empresa vendedora
havia adquirido por apenas US$ 42,5 milhões um ano antes. Já que
Rousseff era, então, presidente da Petrobras, a transação prejudica sua
suposta reputação como gestora capacitada, competente para dirigir o
país.
O
segundo é o crescente risco de escassez de energia. A rede elétrica do
Brasil funciona essencialmente com energia hidrelétrica, e as turbinas
acionadas por combustível, cuja operação é mais cara, só são ativadas em
caso de necessidade.
O
problema é que uma seca prolongada drenou muitas das represas
brasileiras, em um período no qual o governo está subsidiando a
eletricidade a fim de elevar o consumo. Como resultado, a rede está
operando em plena capacidade, mas apenas graças ao uso dos geradores
mais dispendiosos.
Há verdadeiro risco de blecaute. Porque Rousseff foi ministra da Energia, isso prejudica ainda mais sua imagem como tecnocrata.
COPA DO MUNDO
Nenhum
desses problemas ressoou fortemente no eleitorado, até agora. Mas o
terceiro, a Copa do Mundo, que começa dia 12 de junho, certamente pode
fazê-lo.
A
inquietação generalizada no ano passado diante do custo elevado do
torneio, se comparado ao estado precário dos serviços públicos, causou
tumultos com um milhão de manifestantes nas ruas ("queremos hospitais
padrão Fifa, também", era um dos lemas ouvidos comumente nos protestos).
Existe forte chance de novos protestos - talvez não em escala
suficiente para estragar um evento que certamente será esplêndido, mas
ainda assim eles serão vistos em todo mundo pelos milhões de pessoas que
acompanharão a copa pela televisão.
Seria
ainda pior para Rousseff se a seleção brasileira se sair mal. Os
brasileiros podem perdoar os custos do torneio caso vençam, mas não se
seu time não apresentar desempenho respeitável - chegando no mínimo às
semifinais, digamos.
De
outra forma, o custo e as perturbações causadas pelos jogos terão sido
para nada. E pela metade de julho, quando o futebol acabar, a campanha
presidencial estará ganhando força.
Os
investidores e muitos brasileiros estão cada vez mais incomodados com
esse estado de coisas. Ainda que Rousseff por enquanto seja a favorita
para vencer a eleição de 5 de outubro, há gente até mesmo em seu partido
que faz lobby para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja
candidato em lugar dela. Rousseff é renomada por mais falar que ouvir,
mas existem sinais de que está começando a considerar as críticas que
recebe.
Na
semana passada, ela elevou os pagamentos de bem-estar social e reduziu
os impostos, a fim de estimular a economia. Boa ideia, mas o que o
Brasil precisa são de políticas no supply side que reforcem a
eficiência, e não de ainda mais medidas na ponta da procura que elevem a
inflação já alta.
Contra
isso, porém, existem rumores de que ela pode conceder independência
formal ao banco central (originalmente uma ideia da oposição) em seu
segundo mandato. Ela também pode promover o presidente do banco central,
Alexandre Tombini, ao posto de seu desafortunado ministro da Fazenda,
Guido Mantega.
As duas coisas viriam bem.
As duas coisas viriam bem.
Determinar
se Rousseff, com seu jeito de Merkel e oratória dos irmãos Marx, é de
fato a pessoa certa para recolocar o Brasil nos trilhos é assunto
diferente.
Afinal, seu primeiro mandato foi uma decepção. Mas ao menos existem sinais de que os mercados políticos do país estão funcionando como deveriam, transmitindo preocupações crescentes e generalizadas. Isso agora começa a conduzir o debate político em uma direção simpática aos investidores. O que certamente é positivo.
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