Em sua coluna
de hoje na Folha, Aécio Neves expõe de maneira clara a principal tática
adotada pelo PT para inviabilizar qualquer debate sério na política
nacional: utilizar a retórica maniqueísta de “nós contra eles”.
Tentando
preservar o monopólio da virtude, o PT se coloca como vítima de
“inimigos do povo” ou da nação, e foge, dessa forma, da necessidade de
rebater as várias acusações que recaem sobre o governo. Diz Aécio:
Pressionado
pela queda nas pesquisas, o petismo recorre ao terrorismo em escala,
tentando demonizar as oposições para confundir e dividir o país
–reeditando o conhecido “nós e eles”.
O “nós” são
os “patriotas” do governo e os que se servem de fatias da administração
federal como contrapartida ao alinhamento e ao silêncio obsequioso. Ou,
pior, os que se prestam à posição vergonhosa de atacar quem cobra
transparência e exige a apuração sobre a corrupção endêmica que atinge o
país.
O “eles” são
as oposições e os brasileiros que, nesta versão maniqueísta, ao
combater e criticar os malfeitos do governismo, trabalham contra o
Brasil. Simples assim.
Esta é a estratégia que restou, desde que o PT perdeu discursos e abandonou as suas bandeiras históricas.
Essa estratégia não é nova. Os marxistas
dividiram o mundo em duas classes, trabalhadores e capitalistas, em que
estes exploravam aqueles. O mundo simplista e dicotômico tinha uma
explicação evidente para todos os males: culpa dos capitalistas
insensíveis e exploradores, que faziam de todos os trabalhadores as
vítimas de sua ganância desmedida.
Mas, como explica Aécio Neves, quem tem
reclamado do governo são os pobres, a classe média, aqueles que precisam
utilizar os péssimos serviços públicos, ou que não podem blindar seus
carros contra a insegurança que cresce por negligência do governo
federal. Ou ainda aqueles que dependem de hospitais públicos e morrem em
filas de espera. Seriam esses os “inimigos do Brasil”? Conclui Aécio:
A verdade é
que, por mais que o governo tente fugir da realidade, ela se impõe todos
os dias. Denúncias sobre as falcatruas na Petrobras não param de surgir
e a imprensa já lança luz naquele que parece ser o grande temor do
governo: os negócios realizados nos fundos de pensão das estatais, que
têm tudo para desafiar a paciência do mais crédulo dos brasileiros.
Quem deseja mais transparência e quem
clama por investigações mais profundas frente a tantos escândalos de
corrupção não é inimigo do país; ao contrário: quer justamente salvar o
Brasil de um destino trágico, como o venezuelano ou argentino.
Ironicamente, após apelar tanto para tal
discurso maniqueísta, o feitiço se voltou contra o feiticeiro. Hoje até
podemos resumir a disputa por um Brasil melhor de maneira reducionista e
simplista, sem errar muito no diagnóstico. Aqueles que lutam por um
país mais próspero e justo estão unidos em torno de um objetivo comum de
curto prazo: tirar o PT do poder!
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