Artistas, políticos e autoridades religiosas se juntaram ao movimento
Uma passeata com cerca de
300 pessoas, segundo estimativa da Patrulha de Ordenamento da Praia,
saiu às ruas de Copacabana, neste domingo, para protestar contra o
aborto e a favor da legalização do Estatuto do Nascituro. Autoridades
políticas e religiosas participaram do movimento.
Mães de vítimas da
tragédia na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, se juntaram
aos manifestantes. A madrinha do Movimento Brasil sem Aborto, a cantora
Elba Ramalho, também esteve presente. O ponto de encontro do grupo foi a
esquina da avenida Atlântica com a rua Miguel Lemos. Um trio elétrico
acompanhou a concentração do ato, que, por volta das 16 horas, seguiu em
marcha até a Praça do Lido.
O assessor de imprensa da 2ª edição da Marcha Pela Vida, Cleiton Ramos, explicou que “o objetivo da passeata é a aprovação do Estatuto do Nascituro e também a coleta de assinaturas para a abertura da Casa de Apoio à Mulher”.
Segundo João Menezes, secretário estadual de comunicação
do Movimento Nacional de Cidadania pela Vida, “a marcha é feita para
mostrar que a maioria da população brasileira é contrária à legalização
do aborto”. Ele conta que as estimativas são baseadas em “pesquisas
feitas por órgãos competentes” e que “todos eles mostram que mais de 80%
da população brasileira é contrária à legalização”.
Ele explica que a proposta da Casa de Apoio à Mulher é
amparar as mães que querem ter seu filho, mas não têm condições
psicológicas ou sociais para isso. Ainda segundo João, outro ponto
importante é realizar um trabalho de conscientização com as mulheres que
não querem dar à luz. “Ela já é mãe, já tem um bebê na barriga. Ele
ainda não nasceu, mas já existe. Independente da forma como ele foi
gerado ou da forma como ele se apresente, ele não deixa de ser um ser
humano”, justifica.
Para
Maria José Silva, responsável, no Rio de Janeiro, pelo Movimento Brasil
sem Aborto, o objetivo da marcha é “chamar a atenção da sociedade para
todas as ameaças à vida humana e tudo aquilo que nós temos percebido a
nível nacional, das tentativas de legalizar o aborto”. Ela ressalta que o
Movimento é suprapartidário e suprareligioso. “A nossa missão é
trabalhar de forma organizada, com a sociedade civil unida para que a
vida humana seja respeitada desde a concepção até a morte natural.
Precisamos proteger a vida, baseados e fundamentados na constituição do
nosso País”, defende.
Dom Antônio Augusto, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro,
também acompanhou o movimento. “Estou aqui, como Igreja e como cidadão,
para apoiar essa iniciativa e mostrar que há uma parcela muito grande da
população brasileira que quer valorizar a vida desde a sua concepção
até o seu término natural. Como cristão e como cidadão, eu quero
aplaudir essa iniciativa e quero apoiá-la”, declarou. Para ele, a
questão do aborto vai além de crenças religiosas.
“Em primeiro lugar é
importante o papel da cidadania para a conscientização contra o aborto. A
vida é um valor que reverte para o bem social. A religião acrescenta
algo que é de fé, que não é determinante para a cidadania. Um País não
pode dispensar o patrimônio mais valioso que ele tem, que a vida. Não é a
religião que nos leva a defender a vida”, explica.
A deputada e atriz Miriam Rios defende o Estatuto do
Nascituro “independente de religião ou concepção política”. Ela diz que
“a aprovação do Estatuto do Nascituro está criando uma polêmica em
Brasília porque as feministas acham que o corpo é delas e elas podem
fazer o que elas quiserem. Só que elas esquecem que o bebê que está
dentro delas é outro corpo.
Da mesma maneira que a mulher quer ter a
liberdade de escolha se vai ou não ter o filho, ela tem que dar essa
mesma liberdade para a criança”. Miriam defende que, “se o bebê é
indefeso, ele precisa ser defendido pelo estado laico. Matar um
bebê indefeso é crime”. Sobre filhos concebidos através de estupro, ela
admite que, por mais complicada que seja a circunstância, “a mulher pode
ter seu filho e entregá-lo para adoção para ele virar benção na vida de
outra família”.
A cantora Elba Ramalho realiza trabalhos com mulheres
grávidas há mais de cinco anos. Ela conta que, há dois, já atendeu cerca
de 200 mulheres e 150 levaram a gravidez até o final dos nove meses.
Madrinha do Movimento Brasil sem Aborto, ela explica que não existe
orientação política ou religiosa dentro do grupo e que o propósito é
“defender a vida”.
Para Elba, “a vida é um direito legítimo de todos”. A
cantora também declarou: “eu acredito que quando a sociedade começa a
pensar em criar leis que legalizam o direito de um cidadão matar o
outro, ela é decadente. Pela nossa dignidade humana, pela nossa fé, pelo
amor que a gente tem pela vida, nós não apoiamos o aborto. Queremos ser
voz e vez daquelas crianças que estão no ventre de suas mães e não tem
culpa de nada do que aconteceu”.
Sobre a
passeata, ela afirma que o objetivo é “dizer sim à vida”. Para Elba,
“falta informação, carinho, lei e hospitais pró vida, pró saúde e pró
mulher. O Movimento luta por isso, mas é difícil porque vivemos em um
mundo relativista”. A cantora finaliza dizendo: “Eu estou aqui porque
acredito nessa causa e também na evolução da raça humana. Não para
derramar sangue, mas para deixar viver”.
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