Vamos ver. A Folha de
hoje noticia que o coordenador de comunicação da pré-campanha de
Eduardo Campos, Alon Feuerwerker, enviou ao ex-governador um e-mail
indagando se há como alterar um trecho do manifesto do Partido
Socialista Brasileiro que defende a socialização dos meios de produção e
limites à propriedade privada. A reportagem do jornal flagrou a
mensagem.
Alon
confirma o envio do e-mail e diz que estava apenas retransmitindo uma
mensagem que recebeu. Haveria uma campanha na Internet, ou algo assim,
dando destaque ao trecho, que estaria sendo usado para desgastar o
partido. Trata-se de um texto de 1947.
Lá se pode ler: “O
objetivo do Partido no terreno econômico é a transformação da estrutura
da sociedade, incluída a gradual e progressiva socialização dos meios
de produção, que procurará realizar na medida em que as condições do
país a exigirem”.
Não sei de
onde parte a campanha. Sempre que alguém resolver tirar uma bobagem
como essa de um manifesto, eu aplaudo. Mas isso não tem a menor
importância. Justamente porque não tem, Alon tem razão em sugerir, por
meio de uma pergunta, que o trecho seja suprimido.
Dizer o
quê? Em 1997, Tony Blair pôs fim a 18 anos de governo conservador na
Inglaterra. Em 1995, na liderança do Partido Trabalhista, ele extinguiu a
famosa Cláusula IV, que havia sido redigida em 1917, ano da Revolução
Russa, e que compunha o programa do partido desde 1918. O trecho que me
parece perfeitamente suprimível do manifesto do PSB é praticamente uma
versão em português da tal cláusula, que defendia a propriedade coletiva
dos meios de produção.
Não sei de
onde parte essa conversa, mas sei a quem interessa fazer a política do
medo, não é mesmo? Campos foi governador de Pernambuco. Não se pode
dizer que seja um marxista fanático… Quanto ao socialismo, leiam o que
diz o Estatuto do PT.
E agora a carta de princípios:
Chamar o
PT de “socialista”, dado o significado dessa palavra, é um disparate. O
partido é autoritário e estatizante, e isso é coisa bem diferente. “Ah, é
tudo a mesma coisa…” Não é, não! Investir nessa confusão só cria
estridência inútil, emburrece o debate e dá ouro para o bandido. Ou o
suporte que o partido tem tido ao longo dos anos da indústria e do setor
financeiro deriva do seu amor pelo socialismo? Quando se lê errado um
problema, a resposta será necessariamente errada. O PSB que suprima logo
o tal trecho e vá cuidar do que interessa.
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