segunda-feira, 5 de maio de 2014

Já chegou a hora de o PSB deixar de ser “socialista”!



Vamos ver. A Folha de hoje noticia que o coordenador de comunicação da pré-campanha de Eduardo Campos, Alon Feuerwerker, enviou ao ex-governador um e-mail indagando se há como alterar um trecho do manifesto do Partido Socialista Brasileiro que defende a socialização dos meios de produção e limites à propriedade privada. A reportagem do jornal flagrou a mensagem.

Alon confirma o envio do e-mail e diz que estava apenas retransmitindo uma mensagem que recebeu. Haveria uma campanha na Internet, ou algo assim, dando destaque ao trecho, que estaria sendo usado para desgastar o partido. Trata-se de um texto de 1947. 

Lá se pode ler: “O objetivo do Partido no terreno econômico é a transformação da estrutura da sociedade, incluída a gradual e progressiva socialização dos meios de produção, que procurará realizar na medida em que as condições do país a exigirem”.

Não sei de onde parte a campanha. Sempre que alguém resolver tirar uma bobagem como essa de um manifesto, eu aplaudo. Mas isso não tem a menor importância. Justamente porque não tem, Alon tem razão em sugerir, por meio de uma pergunta, que o trecho seja suprimido.

Dizer o quê? Em 1997,  Tony Blair pôs fim a 18 anos de governo conservador na Inglaterra. Em 1995, na liderança do Partido Trabalhista, ele extinguiu a famosa Cláusula IV, que havia sido redigida em 1917, ano da Revolução Russa, e que compunha o programa do partido desde 1918. O trecho que me parece perfeitamente suprimível do manifesto do PSB é praticamente uma versão em português da tal cláusula, que defendia a propriedade coletiva dos meios de produção.

Não sei de onde parte essa conversa, mas sei a quem interessa fazer a política do medo, não é mesmo? Campos foi governador de Pernambuco. Não se pode dizer que seja um marxista fanático… Quanto ao socialismo, leiam o que diz o Estatuto do PT.


PT socialismo democrático


E agora a carta de princípios:


PT carta de princípios

Chamar o PT de “socialista”, dado o significado dessa palavra, é um disparate. O partido é autoritário e estatizante, e isso é coisa bem diferente. “Ah, é tudo a mesma coisa…” Não é, não! Investir nessa confusão só cria estridência inútil, emburrece o debate e dá ouro para o bandido. Ou o suporte que o partido tem tido ao longo dos anos da indústria e do setor financeiro deriva do seu amor pelo socialismo? Quando se lê errado um problema, a resposta será necessariamente errada. O PSB que suprima logo o tal trecho e vá cuidar do que interessa.

Por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário: