Em sua coluna
de hoje no Valor, Gustavo Loyola sobe o tom das críticas ao ministro
Guido Mantega, alegando que seu diagnóstico dos problemas econômicos
brasileiros é completamente equivocado. Mantega acha que se houvesse
mais crédito disponível pelos bancos o crescimento seria maior, ou seja,
ainda insiste no modelo de estímulo artificial ao consumo. Loyola
escreve:
A
insistência do governo na expansão do consumo como motor de crescimento
do PIB é inacreditável, após todas as evidências de que esse modelo se
esgotou. Como indicam as estatísticas do desemprego, o mercado de
trabalho praticamente não mostra folga alguma, tanto pela ocupação que
se mantém elevada, quanto pela tendência recente de retração na oferta
de mão de obra. Além disso, o comprometimento da renda dos consumidores
com o pagamento de encargos e principal de dívida está em patamar
relativamente elevado, não havendo muito espaço para expansão sadia do
endividamento das famílias, ainda que os bancos relaxassem
imprudentemente suas políticas de concessão de crédito.
Porém, o
mais bizarro de tudo é o ministro da Fazenda ignorar os evidentes sinais
de pressão inflacionária em seu diagnóstico sobre os males da economia
brasileira. A inflação corrente e as expectativas futuras estão no teto
da banda estabelecida no regime de metas. Numa situação como
essa, defender o aumento do consumo alavancado por crédito parece coisa
de bombeiro querendo usar lança-chamas para combater um incêndio.
Ademais, soa no mínimo estranho o ministro da Fazenda reclamar da falta
de crédito em pleno ciclo de aperto monetário conduzido pelo Banco
Central que elevou a taxa Selic sucessivamente nas últimas nove reuniões
do Copom.
Conforme diz Loyola, não há remédio
“keynesiano” para nossos problemas. O que o país precisa é de mais
investimentos para expandir a oferta, e principalmente de ganhos de
produtividade. Mas nada de efetivo tem sido feito pelo governo nessas
áreas. Ao contrário: o governo Dilma tem criado barreiras protecionistas
que dificultam ou impedem um choque de produtividade em nossa economia.
Para o ex-presidente do Banco Central,
qualquer semelhança com os anos 1950 não é mera coincidência. E o
governo se encontra em uma verdadeira armadilha: “O dramático é que os
equívocos do governo colocaram em marcha um círculo vicioso: políticas
ruins pioram o crescimento o que, mantido o diagnóstico errado, leva a
novas ações negativas para a produtividade e o crescimento”.
Enquanto o governo insistir em turbinar o
consumo, o clima de apreensão dos investidores vai apenas aumentar. O
crescente pessimismo generalizado é resultado dessa visão equivocada do
governo, que não dá nenhum sinal de reconhecimento de seus próprios
erros.
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