04/05/2014 22h37
Intrigas, acusações de maus-tratos, disputa por uma herança milionária. No meio disso tudo, a família dona de um dos mais luxuosos hotéis de SP.
Intrigas, acusações de maus-tratos, disputa por uma herança milionária. No meio disso tudo, a família dona de um dos mais luxuosos hotéis de São Paulo. Depois da morte empresário Henry Maksoud, há menos de um mês, filhos, um neto e a viúva travam uma acirrada batalha na Justiça.
Um sobrenome que virou sinônimo de luxo. Obra de Henry Maksoud, um sul-matogrossense que foi para São Paulo ainda adolescente.
O engenheiro, filho de libaneses, ergueu sozinho um império. Seu maior símbolo foi o Maksoud Plaza, um hotel cinco estrelas em uma área nobre de São Paulo.
Na época áurea, o hotel chegou a contratar Frank Sinatra para quatro shows exclusivos, em agosto de 1981. Um ano depois de cantar para um Maracanã lotado, o ídolo se apresentou para uma plateia concorrida de artistas, autoridades e convidados de Henry Maksoud.
No fim da vida do empresário, uma briga entre os descendentes foi parar na Justiça. Os filhos Roberto e Cláudio pediram a interdição do pai, alegando que ele sofria de demência. No dia 17, Henry Maksoud morreu de pneumonia. Ele tinha câncer de pulmão.
A família ficou dividida. De um lado, os dois filhos, Roberto e Cláudio, do primeiro casamento. Do outro, o filho de Roberto, Henry Maksoud Neto, e a segunda mulher do empresário, Georgina Célia.
Henry Neto não se relaciona com o pai há anos. Ele começou a trabalhar com o avô na adolescência, e dirige o hotel desde 2001.
Fantástico: Como você encarou o momento em que seu pai e seu tio pediram a interdição do seu avô?
Henry Maksoud Neto: Foi muito desagradável. Pai vivo, pai consciente.
“Eu participei de uma reunião com o doutor Maksoud, com a sua esposa, com o seu neto, na qual ele se apresentava muito chateado com o pedido de interdição. Chegando a questionar, já meio enfraquecido pela doença, que era um câncer: ‘Por que isso comigo? Por quê? Faltou alguma coisa para os meus filhos?’”, conta Marcio Casado, advogado de Henry Maksoud Neto.
O filho mais velho, Roberto, falou com o Fantástico pelo telefone e disse que o pedido de interdição foi porque o pai sofria maus-tratos. “É uma coisa horrível você ficar recebendo informações de que o seu pai está sendo maltratado, vilipendiado, deixado à míngua, você ser impedido de encontrar com ele e ouvir todo dia uma coisa nova, triste, sobre o seu pai, e não poder fazer nada”, declarou Roberto Maksoud.
A acusação de maus-tratos recai sobre a viúva, Georgina Célia. Eles viveram juntos por mais de 30 anos. Sem querer se identificar, ex-funcionárias do casal dizem que brigas e até agressões físicas eram comuns.
Fantástico: Você presenciou a Dona Georgina batendo no Henry Maksoud?
Ex-funcionária: Sim. Tinha vez assim que ele pedia para parar, que estava doendo. Ela não parava.
Elas contam que a patroa costumava dar remédios controlados ao empresário sem ele saber.” Ela pedia o cafezinho, ela mesma vinha pegar e colocava o remédio”, conta uma das ex-funcionárias.
Em março, uma das empregadas ouvidas pelo Fantástico já tinha relatado o que viu ao Ministério Público. Ela sugere que a pneumonia que matou Henry Maksoud pode ter sido causada por uma dessas brigas com Gergina. “Ela entrou e começou a brigar com ele. Pegou as garrafinhas de água, ia abrindo da geladeira e jogando nele. Deu o maior banho de água gelada. Chegou lá em cima, ela abriu a boca dele, colocou um comprimido na boca dele, fechou, ele teve que engolir, em seguida ele apagou e dormiu molhado. Molhado. Na terça-feira, eu cheguei lá ele estava na sala, queimando de febre”, contou.
Um advogado contratado pelos filhos pediu uma investigação policial para apurar a suspeita de homicídio. Perguntada sobre as denúncias, Georgina não quis gravar entrevista.
Em nota, disse que o "casal teve suas brigas e discussões, como todo casal, e que jamais houve agressão física entre os dois".
O Fantástico obteve um testamento, datado de 2003, do qual Georgina e Henry Maksoud Neto são os principais beneficiados. Só o prédio do hotel está avaliado em pelo menos R$ 400 milhões.
Pelo testamento, o comando das empresas fica com o neto. “Eu sou o único que trabalha com ele há mais de 15 anos. Trabalho com ele no dia a dia”, afirma o empresário Henry Maksoud Neto.
O filho mais novo de Henry Maksoud, Cláudio, mandou uma nota em que diz "estranhar que o sobrinho tenha se aliado à madrasta para se apoderar do que cabe a ele e ao irmão, Roberto".
“Meu avô sempre exigiu ética e transparência nas coisas, então o que é deles ninguém precisa se preocupar. Porque eu sou assim, eu não gosto de coisa absolutamente errada”, explica Henry Neto.
Na Justiça, Cláudio questiona a administração de Henry Neto e pede o afastamento dele dos negócios.
Na semana passada, a viúva, Gergina, foi nomeada a inventariante do espólio, ou seja, é a responsável pela administração dos bens durante o processo de inventário.
“O que interessa nessa história toda, o que estava me preocupando, me deixa triste hoje, consternado, é meu pai ter sofrido tudo isso por causa de dinheiro. Ele não merece isso. É um grande homem. Realizou muita coisa. Não tinha que ser sacrificado, ou sofrer, por causa de dinheiro”, declara Roberto Maksoud.
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