quinta-feira, 15 de maio de 2014

Eleição: Especialistas apontam problemas no sistema eleitoral e não no eleitor


As argumentações contrariam o senso comum de que o “povo não sabe votar”.


Participantes do seminário realizado hoje pela CBN e pelo Contas Abertas, “As eleições que nós queremos”, concordaram que o sistema eleitoral brasileiro é um dos principais responsáveis pelos problemas políticos posteriores ao pleito. 
 
O juiz eleitoral e fundador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Márlon Reis, defendeu que o atual sistema proporcional de lista aberta favorece o desinteresse dos eleitores em acompanhar seus representantes, já que dificulta o conhecimento de para quem o voto foi direcionado. “O modelo de eleições não é ideal. O eleitor sai da urna sem eleger quem votaram”, explica ele...

Isso porque os candidatos que não angariam a quantidade de votos mínima para se elegerem ainda podem ser eleitos por conta dos votos recebidos pela legenda. Isto é, estabelece-se uma proporção entre o número de votos e de cargos de uma eleição, resultando no quociente eleitoral. O partido que consegue mais votos conquistará mais cargos, pois atingirá o quociente com mais facilidade.
 
Assim, todos os votos recebidos pelas candidaturas individuais de um partido são incluídos em um somatório. O valor resultante define a quantidade de cadeiras que o partido irá ocupar no plenário (total de votos da legenda dividido pelo quociente eleitoral), sendo, então, eleitos os candidatos mais votados da legenda.
 
O fundador do movimento “Adote um distrital”, Diego Ramalho, exemplificou o sistema, salientando que em 2010 apenas 45 dos 503 deputados federais conquistaram votos individuais suficientes para se eleger. “O eleitor sabe votar, não é falta de vontade. O problema é o processo, que foi criado para o eleitorado não entender”, defendeu ele.
 
Proposta
Para tornar o sistema eleitoral mais claro, Reis propõe uma reforma política com dois turnos para o legislativo: o primeiro voto seria dedicado ao partido, o segundo, ao candidato. “O eleitor não votaria mais em um candidato para eleger outro, ele compreenderia que seu voto vai muito além de eleger uma só pessoa”,concluiu.

Fonte: GABRIELA SALCEDO - portal Contas Abertas - 14/05/2014 - - 21:03:15
 
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