As argumentações contrariam o senso comum de que o “povo não sabe votar”.
Participantes do seminário realizado hoje pela CBN e pelo Contas
Abertas, “As eleições que nós queremos”, concordaram que o sistema
eleitoral brasileiro é um dos principais responsáveis pelos problemas
políticos posteriores ao pleito.
O juiz eleitoral e fundador do Movimento de Combate à Corrupção
Eleitoral (MCCE), Márlon Reis, defendeu que o atual sistema proporcional
de lista aberta favorece o desinteresse dos eleitores em acompanhar
seus representantes, já que dificulta o conhecimento de para quem o voto
foi direcionado. “O modelo de eleições não é ideal. O eleitor sai da
urna sem eleger quem votaram”, explica ele...
Isso porque os candidatos que não angariam a quantidade de votos mínima
para se elegerem ainda podem ser eleitos por conta dos votos recebidos
pela legenda. Isto é, estabelece-se uma proporção entre o número de
votos e de cargos de uma eleição, resultando no quociente eleitoral. O
partido que consegue mais votos conquistará mais cargos, pois atingirá o
quociente com mais facilidade.
Assim, todos os votos recebidos pelas candidaturas individuais de um
partido são incluídos em um somatório. O valor resultante define a
quantidade de cadeiras que o partido irá ocupar no plenário (total de
votos da legenda dividido pelo quociente eleitoral), sendo, então,
eleitos os candidatos mais votados da legenda.
O fundador do movimento “Adote um distrital”, Diego Ramalho,
exemplificou o sistema, salientando que em 2010 apenas 45 dos 503
deputados federais conquistaram votos individuais suficientes para se
eleger. “O eleitor sabe votar, não é falta de vontade. O problema é o
processo, que foi criado para o eleitorado não entender”, defendeu ele.
Proposta
Para tornar o sistema eleitoral mais claro, Reis propõe uma reforma
política com dois turnos para o legislativo: o primeiro voto seria
dedicado ao partido, o segundo, ao candidato. “O eleitor não votaria
mais em um candidato para eleger outro, ele compreenderia que seu voto
vai muito além de eleger uma só pessoa”,concluiu.
Fonte: GABRIELA SALCEDO - portal Contas Abertas - 14/05/2014 - - 21:03:15
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