quinta-feira, 15 de maio de 2014

#salasocial: Fotógrafos recriam figurinhas da Copa com imagens de desabrigados



Atualizado em  14 de maio, 2014 - 07:49 (Brasília) 10:49 GMT


    Saem Fred e Neymar, entram dona Elenilda e seu José Mário. Lançado na semana passada nas redes sociais, um projeto criado por fotógrafos paulistanos reedita as disputadas figurinhas da Copa do Mundo 2014 – mas com imagens de trabalhadores sem-teto no lugar de jogadores da Seleção Brasileira.



    Os autores querem chamar atenção para a ocupação "Copa do Povo", que reúne desde o dia 3 cerca de 4 mil pessoas, segundo a organização, num terreno privado a 3,5 quilômetros da Arena Corinthians, conhecida como Itaquerão (zona leste de São Paulo).

    Publicadas junto às hashtags #copadopovo e #nãovaitercopa, as fotos compartilhadas têm desenho idêntico ao das figurinhas oficiais da Copa. O álbum foi criado pela rede Clique Fotógrafos Ativistas, junto ao Clique Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

    Procurada pelo #salasocial, a Fifa não quis se pronunciar sobre o assunto. A Panini, que edita o álbum da Copa desde 1970, também foi procurada para comentar o caso, mas disse que qualquer questão ligada aos direitos de uso de marca seriam da alçada da Fifa.

    Copa e o povo

     

    "Nosso objetivo é desmistificar a ideia de que a Copa da Fifa serve ao povo", diz Tarek Mahammed, 26, da coordenação dos Fotógrafos Ativistas.

    "As figurinhas mostram que, enquanto esses estádios são construídos, as pessoas continuam sem moradia, sem trabalho, sem acesso à educação, hospitais e esportes. O povo de verdade não tem nem campo para jogar futebol no Brasil", afirma.

    Autor das imagens, o fotógrafo Flávio Freire, 26, conta que a ideia surgiu no mesmo dia em que o técnico Luiz Felipe Scolari divulgou a lista oficial de convocados para a seleção.

    "Nossa ideia era montar uma seleção alternativa com os moradores da ocupação. Isso é bem simbólico. Principalmente, queríamos mostrar seus rostos e suas histórias para o maior número possível de pessoas."

    Entre os personagens do álbum alternativo está Cidinéia, 52, educadora desempregada que descobriu a ocupação pela televisão. Antes de se unir aos invasores, ela dividia uma casa de quatro cômodos com outras 21 pessoas.

    Sua nova "vizinha", Maria Rosalina, 70, trocou o aluguel de R$ 300 de uma casa de três cômodos, dividida com outras cinco pessoas, pela vida na ocupação.

    A "Copa do Povo" surgiu na semana passada em um terreno de cerca de 150 mil metros quadrados, de propriedade da Viver Incorporadora. Em nota à imprensa, a construtora, que busca reintegração de posse, afirmou que a área não tem débitos com a justiça.

    Segundo o MTST, que coordena a construção dos barracos, o local – cujo valor de mercado é estimado em mais de R$ 20 milhões – está abandonado há mais de 20 anos.

    Do terreno ocupado é possível ver a Arena Corinthians, que será o palco de abertura da Copa daqui a um mês.


    *#salasocial é o novo projeto da BBC Brasil, que consiste em ‘’garimpar’’ pautas, temas e personagens por meio das redes sociais.
    • Número do comentário 3.

       

      Eu só lamento disso tudo é pelo próprio povo que está sendo usado, novamente, como gado de manobra em disputa eleitoreira e interesseira. o MTST, bem como o MST e outros movimentos assim, são usados como fachada para esconder tráfico e traficantes de pessoas, drogas e armas. Pessoas sendo convencidas a sairem de casas de aluguel com a promessa de um terreno próprio para serem usadas como barreira humana. Qualquer ação da justiça ou da polícia ali será vista e divulgada como ditadura, tortura e outros crimes contra os direitos humanos. Enquanto isso, os líderes desses movimentos seguem suas vidas de porcos nas casas grandes em uma visão moderna do Animal Farm.
      O álbum de figurinhas não precisaria ser feito com pessoas chamadas para ocuparem um local específico. Existem centenas de favelas, milhares de sem-teto e muito trabalhadores suando muito para viverem sem saneamento básico, educação de qualidade, serviços de saúde ou proteção policial.
      Uma sacanagem enorme envolvendo gente inocente para ganhar notoriedade em ano eleitoral.



    • Número do comentário 2.

       

      Srta Yasmin. Compro quantas figurinhas eu quiser, não sou governo, não pedi voto de ninguém... não tenho obrigação de ajudar, ajudo se quiser e puder.

    • Número do comentário 1.

       

      Enquanto colecionadores promovem "leilão" em encontros para troca de figurinhas e gastam dinheiro com isso, tem gente nessa situação lamentável. Bem que poderiam vender as figurinhas recriadas, as figurinhas do povo e em algumas partes do álbum, declarações de como está acontecendo o processo de desapropriação em cada região.O dinheiro arrecadado poderia ajudá-los de alguma forma e com o apoio do material ( álbum ) ficaria guardado em nossa memória esse ano tão especial. --' Eu compraria !

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