Os
petistas se organizaram para desmoralizar as CPIs. Mas não se trata de
uma desmoralização qualquer: eles pretendem fazê-lo com método. Afinal,
todos por ali seguem a máxima de seu moralista-mor, Luiz Inácio Lula da
Silva, que já repetiu o lendário político pernambucano Agamenon
Magalhães, que morreu em 1952, segundo quem “em política, feio é
perder”. O chefão petista poderia repetir ainda outra máxima de seu
compatriota: “Ao diabo o poder que não pode”. Ora, se, em política, feio
é perder, então tudo e qualquer coisa são permitidos para… ganhar,
certo? A política se torna o terreno privilegiado do amoralismo.
A CPI da
Petrobras do Senado foi instalada e já fez as suas primeiras
convocações. À primeira vista, seria uma coisa pra valer. Aprovou-se a
convocação de 35 nomes. Entre eles, estão Graça Foster, José Sérgio
Gabrielli e Nestor Cerveró, o tal então diretor que fez o resumo
executivo e omitiu as cláusulas Marlim e Put Option na operação de
compra dos primeiros 50% da refinaria de Pasadena.
Ocorre que é tudo de mentirinha.
Os governistas já escreveram o roteiro. Eles
decidiram que vão fazer inveja a Marcelinho, o levantador do vôlei, nos
seus momentos mais gloriosos: tome bola na rede, rendondíssima, para a
turma cortar. Das 13 cadeiras, apenas 3 cabem à oposição. Como o PSDB e o
DEM se negaram a fazer a indicação porque querem a CPI Mista, Renan
escolheu os três oposicionistas. Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Wilder Morais
(DEM-GO) recusaram o lugar. Cyro Miranda (PSDB-GO) decidiu participar, o
que me parece um erro flagrante. Ele propôs, por exemplo, a convocação
de Lula, que foi, claro!, rejeitada.
Essa
maioria esmagadora serviu ainda para ampliar o escopo da CPI, abrindo
uma investigação sobre o repasse de recursos federais para a refinaria
Abreu e Lima, em Pernambuco. A acusação de fundo é que gente do governo
Campos desviou recursos da obra. A coisa não para por aí: senadores
teleguiados pelo Planalto se preparam para “investigar” o naufrágio da
plataforma P-36, da Petrobras, ocorrido em 2001, durante o governo FHC.
Entre os convocados, ninguém menos do que o então diretor-geral da
Agência Nacional do Petróleo (ANP), David Zylbersztajn, ex-genro de FHC.
Notem bem:
a coisa aconteceu há 13 anos. O PT está no poder há quase 12. E só
agora decidiu levar a questão para a CPI. Para investigar? Não! Só para
tentar encurralar a oposição. Afinal, se o roteiro com Gabrielli e Graça
Foster será suave, tudo conforme o combinado, a agressividade será
reservada a Zylbersztajn e a eventuais pessoas ligadas a Eduardo
Campos. De resto, pergunte-se: o que uma agência reguladora tem a ver
com o afundamento de uma plataforma. A resposta óbvia é “Nada!”.
A CPI do
Senado é um mal disfarçado pelotão de fuzilamento mirando suas armas
para a oposição. Não sei o que o senador Cyro Miranda faz lá. Sua
presença, em certa medida, só coonesta a farsa.
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