A
greve da Polícia Militar de Pernambuco é política, sim, porquanto toda
paralisação do trabalho, especialmente de servidores, tem essa
característica. Mas é política também porque se sabe que o Estado
pretende ser uma das vitrines de Eduardo Campos, candidato do PSB à
Presidência da República. Se a bagunça se instaura por lá, como é o
caso, e se o governo federal, como também é o caso, é obrigado a
intervir com a Força Nacional de Segurança, é evidente que o
ex-governador sai mal da fita. Afinal, aquela é a Polícia Militar que
seu sucessor herdou. Certamente as lideranças grevistas farejaram que
esse era um bom momento para aplicar uma espécie de chantagem.
As PMs do
Brasil inteiro são uma bomba-relógio desde que foi apresentada a PEC
300, com a qual a então candidata à Presidência, Dilma Rousseff, se
comprometeu. E o que diz essa Proposta de Emenda Constitucional? Que o
salários dos policiais militares do Brasil inteiro serão igualados aos
do Distrito Federal, os mais altos do pais. Um policial tem um
salário-base na faixa de R$ 4.200.
A pressão
em favor da equiparação começou em 2008, quando Lula editou uma Medida
Provisória elevando bastante o salário da PM do DF. Atenção! Na capital
federal, é a União que arca com os custos da corporação. Fez-se, então,
uma grande solenidade, num estádio de futebol, com o Apedeuta
falando pelos cotovelos, na buliçosa presença do então governador, José
Roberto Arruda — sim, aquele mesmo do saco de dinheiro; pouco tempo
depois, ele cairia em desgraça. O gesto demagógico criou uma pressão
Estados afora. Surge, então, a PEC 300. Como boa parte dos estados
quebraria, deu-se um jeito: o texto estabelece que, caso um estado não
consiga arcar com equiparação dos salários, a União o fará.
Reitero: a
campanha eleitoral de Dilma acusou o tucano José Serra de não se
comprometer com a sua aprovação. De olho nas contas, Serra não se
comprometeu mesmo. Ficou subentendido que Dilma, se eleita, lutaria pela
PEC 300. Até Michel Temer, então candidato a vice, entrou na parada,
recebendo lideranças dos policiais. Eleita, Dilma deixou o assunto pra lá.
Em
Pernambuco, PMs e bombeiros pedem aumento salarial de 50% para praças
(soldados a subtenentes) e de 30% para oficiais. Atualmente, um soldado
da PM recebe salário de R$ 2.409, enquanto um coronel tem remuneração de
R$ 13.600.
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