Opinião: Era o que faltava
Segundo
reportagem do Estadão, recursos do fundo partidário foram usados pelo
PT para pagar os advogados de Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da
Presidência em São Paulo. Suspeita de integrar um esquema de venda de
“facilidades” na administração pública, Rosemary, assim como outros
filiados petistas encrencados com a Justiça, teria custeado sua defesa
com dinheiro dos impostos dos contribuintes.
Empregar recursos públicos para defender pessoas acusadas de lesar o
Estado é a quintessência do cinismo e do deboche. Aqui, o poder público
passa a ser o avalista de uma operação de risco. Caso um
militante-delinquente seja pego burlando a lei ou surrupiando cofres
públicos, o partido, com o dinheiro do cidadão, paga sua defesa. É uma
espécie de “seguro ladrão” – obviamente ilegal e imoral. ...
A lei é cristalina quanto à aplicação desses recursos. Ela proíbe que
despesas pessoais sejam pagas com o fundo partidário. Embora quase R$ 1
milhão tenha sido pago pelo PT – com o fundo partidário – aos advogados
de Rosemary, eles juram que os honorários do processo por tráfico de
influência, formação de quadrilha e corrupção passiva foram “cortesia”.
Os repasses do partido ao escritório teriam servido para quitar outras
causas.
Cada vez mais infestada pelo partido, a máquina pública sofre com
disfuncionalidades crescentes em vários níveis. As instituições vão
sendo carcomidas por apaniguados e a agenda nacional aos poucos sucumbe a
interesses enviesados. Melhor exemplo são as estatais, que fraquejam à
mercê de promiscuidades diversas. Agora mais essa: financiamento público
de criminalistas para beneficiários privados.
À medida em que essas espertezas vão aparecendo e a reprovação ao
governo ganha voz, cresce a violência retórica do PT contra quem cruza
seu caminho. Após o processo de suavização ideológica, cujas marcas
foram o “Lulinha Paz e Amor” e a “Carta ao Povo Brasileiro”, o partido
aos poucos vai reavivando as fagulhas de seu raivoso radicalismo. Ao
perder a vergonha de mostrar o que é, o PT reencontra sua história.
O curioso é que o radicalismo petista, antes nutrido por ranços
ideológicos, agora se inflama pela defesa das ilegalidades cometidas. A
confusão entre o Estado e o partido é tão obscena que eles perderam a
vergonha de reinvindicar legitimidade para seus desvios. Se Lula
vocifera contra a Justiça, é por ela fazer valer a lei. Se o PT ataca a
imprensa, é porque ela não se curva. Agora, dinheiro do fundo partidário
paga advogado de militante pego no pulo. Era só o que faltava.
(*)José Aníbal é deputado federal (PSDB-SP). Artigo publicado no Blog do Noblat.
Fonte: JOSÉ ANÍBAL - 15/05/2014 - - 07:14:38
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