Dados da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) mostram que os registros nas delegacias do DF podem chegar a 100 por mês. Investigadores alertam, no entanto, que a maioria volta para casa em menos de 24 horas após a denúncia
Publicação: 03/06/2014 06:04 Correio Braziliense
Beatriz Nery da Silva desapareceu em janeiro de 2010, no Paranoá |
Todos os dias, o pintor Ivaldiran Pereira da Silva, 44 anos, procura a filha, uma jovem magra, de cabelos longos e com mechas e com um sorriso no rosto. Ela se chama Beatriz Nery da Silva e está desaparecida há quatro anos. Foi vista pela última vez seguindo em direção a um mercado, no Paranoá. Desde então, os familiares fazem buscas para tentar localizá-la.
Nunca tiveram qualquer pista que levasse ao paradeiro dela, hoje com 20 anos. Assim como Beatriz, inúmeras crianças e adolescentes somem diariamente no Distrito Federal. A cada dia, pelo menos, três ocorrências como essas são registradas em alguma unidade policial. Os dados revelam que, por mês, há quase 100 casos relatados nas delegacias do DF.
Apesar de o número ser considerado alto, os policiais garantem que a maior parte volta para casa menos de 24 horas após a denúncia. E, segundo a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Valéria Martirena, muitos pais e responsáveis não voltam à unidade para dar baixa no inquérito.
“Com isso, os dados apresentam mais desaparecidos do que estão, de fato. São poucos os casos emblemáticos e de subtração da vítima. A maioria é de adolescentes que sofrem algum tipo de agressão dentro de casa, como violência doméstica e maus-tratos. Mas eles, geralmente, voltam ao lar em um prazo pequeno”, afirma a investigadora.
Entre os casos que chamam a atenção, está o desaparecimento de Beatriz Nery. A delegada da DPCA explica que, apesar de várias equipes terem sido escaladas para atuar no caso, nunca tiveram notícias e provas que levassem à localização da estudante.
A menina foi vista pela última vez em janeiro de 2010, por volta das 11h, no Paranoá. Tinha 16 anos. Os pais registraram ocorrência no mesmo dia na delegacia da cidade. O caso foi repassado para a DPCA.
Até hoje, tentam encontrá-la. “A gente nunca desistiu e continua fazendo buscas. Também vou à delegacia de vez em quando e confio no trabalho da polícia”, conta o pai, Ivaldiran.
Nenhum comentário:
Postar um comentário