03 de junho de 2014 • 08h41
• atualizado às 10h13
O pré-candidato do PSDB à
Presidência da República, senador Aécio Neves, disse na noite de
segunda-feira que, se eleito, não pretende reajustar os preços
administrados pelo governo, que hoje estão represados em sua maioria,
“numa paulada” e voltou a defender a redução das bandas de tolerância da
meta de inflação, atualmente fixadas em 2 pontos percentuais.
O tucano voltou a dizer também que pretende enviar ao
Congresso Nacional uma proposta de simplificação tributária nos seis
primeiros meses do seu eventual governo, antes de propor uma reforma
ampla do sistema de tributos, e admitiu que uma redução da carga de
impostos só será possível no médio prazo.
“Ninguém vai fazer isso numa paulada. O que nós
precisamos para enfrentar os preços é previsibilidade”, disse em
entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ao ser
questionado sobre os reajustes represados do preço da gasolina, energia e
outras tarifas públicas sob controle do governo federal.
“O que nós vamos estabelecer são regras absolutamente claras, quais os critérios e quando serão reajustados (esses preços)”,
argumentou. Aécio evitou dizer novamente que está preparado para tomar
medidas impopulares durante sua gestão, já que se tornou alvo da
presidente Dilma Rousseff, que disputa a reeleição, por conta da
declaração. Segundo ele, as “medidas impopulares foram tomadas (pelo atual governo)”.
“Seremos o país que menos crescerá na América do Sul... a
inflação está aí, a inflação de alimentos já ultrapassou e muito 9%, há
mais de ano que a população de baixa renda vem convivendo com esses
índices inflacionários e a presidente dizendo que a inflação está sob
controle”, argumentou o tucano.
“Qualquer que seja o próximo presidente da República
terá que ter responsabilidade para tomar as medidas corretas e nós vamos
tomá-las”, disse, evitando o termo “impopulares”. “Acho que é possível
num período de dois anos buscar uma redução da banda, que hoje me parece
extremamente extensa. Temos que paulatinamente encaixar os gastos do
governo dentro do crescimento da economia”, acrescentou.
Atualmente,
a meta de inflação estabelecida pelo governo é de 4,5%, podendo variar
dentro de uma banda de 2 pontos percentuais para baixo ou para cima.
Desde o início do atual governo, a inflação oficial do País ficou sempre
no incômodo patamar de 6%. Em 2011 - o primeiro ano de Dilma no Palácio
do Planalto - o IPCA inclusive fechou em 6,5%, no topo da tolerância da
meta do governo.
O tucano descartou também fazer qualquer mudança no
regime trabalhista que resulte em perda de direitos para os
trabalhadores. “Retirar direitos de trabalhadores é impensável no Brasil
de hoje”, afirmou ao ser questionado se privilegiaria capital ou
trabalho numa eventual gestão do país.
"Guerra fratricida"
O tucano evitou fazer ataques diretos ao pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, com quem tinha desde o começo do ano uma parceria estratégica no xadrez eleitoral. Nas últimas semanas, o ex-governador de Pernambuco tem tentado mostrar diferenças entre os dois.
“Não mudarei minha estratégia dependendo da pesquisa de
opinião”, disse ao ser questionado sobre a postura do adversário.
Segundo o tucano essa eleição será muito dura. “Não é uma eleição
qualquer, é uma guerra fraticida”, descreveu.
O pré-candidato tucano se irritou com questionamentos
feitos sobre o uso de drogas, em especial cocaína. Ao ser questionado
sobre acusações que classificou “do submundo da internet”, que dão conta
de que o tucano é ou foi usuário da droga, Aécio reagiu e pediu que o
debate se desse em torno de temas de interesse do Brasil e negou de
forma incisiva o uso de cocaína.
“Quando você tiver acusação em relação à minha conduta
pessoal pública, faça a acusação”, respondeu ao jornalista Fernando
Barros e Silva, da revista Piauí. “Se nós queremos dar vazão ao submundo
da internet isso significa que ninguém pode disputar com esses
adversários... Vamos conversar sobre aquilo que interessa aos
brasileiros”, prosseguiu Aécio.
“Não vale a pena perdermos tempo com o submundo, o homem
público tem que estar pronto para responder a qualquer denúncia... a
calúnia não pode merecer o tempo de jornalistas tão qualificados como os
que estão aqui”, afirmou.
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