O ex-diretor da Petrobrás Paulo
Roberto Costa foi novamente preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira, 11,
em sua casa, no Rio. A Justiça Federal do Paraná deu a ordem para ele retornar
à cadeia por ver risco de fuga para o exterior, após ser informada por
autoridades suíças de que Costa teria US$ 23 milhões, bloqueados pela Justiça
do país europeu.
O Ministério Público da Suíça
comunicou à Justiça brasileira a abertura de processo penal contra Costa
naquele país. Lá, foram identificadas 12 contas ligadas ao ex-diretor em cinco
instituições financeiras.Esses ativos estão em nome de
empresas offshore e seriam movimentados por familiares de Costa e por um
funcionário do doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava Jato acusado
de operar um esquema de lavagem de dinheiro. A Suíça bloqueou US$ 28 milhões,
dos quais US$ 23 milhões seriam de Costa.
A investigação na Suíça foi
aberta em 10 de abril, quando a Unidade Financeira de Inteligência localizou as
contas do ex-diretor da Petrobrás, formalmente acusado por “ofensa de lavagem
de dinheiro”. As autoridades de Genebra
informaram ao Brasil que, entre 2011 e 2012, Costa teria recebido “propinas
para a adjudicação das obras no âmbito da construção das refinarias de Abreu e
Lima, nos arredores de Recife (Pernambuco)”.
Segundo a Suíça, o dinheiro nas
contas de Costa teria origem ainda em “desvio de fundos públicos no âmbito de
outra investigação vinculada à compra pela Petrobrás , em 2006, da refinaria
americana Pasadena, sediada no Texas”. Costa foi dirigente da estatal
entre 2004 e 2012. Ele é acusado de intermediar contratos fraudulentos entre
fornecedores da Petrobrás e empresas de fachada comandadas por Youssef. O
ex-diretor ficou preso por 59 dias, acusado de destruir provas. Ele é réu em
processo que apura irregularidades em contratos da Abreu e Lima.
As contas ligadas a Costa na
Suíça teriam sido abertas em nome de empresas offshore, mas seriam geridas
pelas filhas do ex-diretor, Arianna e Shanni Costa, e pelos genros, Márcio
Lewkowicz e Humberto Mesquita.
Ao mandar prender o executivo, o
juiz federal Sérgio Moro alegou “perigo real e imediato” de fuga. O executivo
omitiu a informação das contas à polícia, bem como a existência de passaporte
português, hoje em poder da Justiça. “A mera entrega de passaportes em juízo
não previne a fuga, sobretudo quando o acusado é titular de contas secretas
milionárias no exterior e ainda considerando os milhares de quilômetros de
fronteira terrestre do Brasil com os outros países, sujeitos a um controle de
trânsito pouco rigoroso.”
Prisão. Costa deve ser
transferido nesta quarta para o Paraná. Ele foi preso por volta das 16h em sua
casa, em um condomínio de alto padrão na Barra da Tijuca. A prisão ocorreu um dia após a
decisão do Supremo Tribunal Federal de devolver os processos da Lava Jato para
a Justiça Federal no Paraná relativos a réus que não têm o chamado foro
privilegiado. Isso ocorreu após análise do envolvimento do deputado André
Vargas (sem partido-PR) nas denúncias. Ele deixou o PT após virem a público
informações sobre sua relação com Youssef.
Essa análise havia sido
solicitada pelo ministro Teori Zavascki, que assinou habeas corpus para Costa
responder ao processo em liberdade - ele foi liberado em 19 de maio. Outros 11
acusados, entre eles Youssef, permaneceram presos.
O advogado de Costa, Nélio
Machado, informou que vai recorrer da nova prisão. Ele negou a existência de
contas do cliente no exterior . “Essa prisão é uma precipitação, uma medida
quase de justiçamento em detrimento das regras inerentes ao processo legal.”
Na terça, Costa afirmou à CPI do
Senado “não saber de onde inventaram a história” de corrupção na estatal.
Admitiu conhecer Youssef, mas disse não saber que ele atuava como doleiro. A
investigação da PF, porém, indicou que os dois possuíam diferentes empresas de
fachada no mesmo endereço, em São Paulo. (Estadão)
Nenhum comentário:
Postar um comentário