Mauricio Stycer e Fernando Duarte
Do UOL, no Rio de Janeiro e em São Paulo
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Criação da belga Daphne Cornez, a festa foi um desfile de ícones nativos, da natureza e da cultura, certamente com o objetivo de seduzir a audiência estrangeira.
A cerimônia começou pontualmente às 15h15
(horário de Brasília). À luz do dia, muito do impacto visual pretendido
se perdeu. Também chamou a atenção os muitos vazios no palco armado
sobre o gramado do Itaquerão.
A apresentação
do tema da Copa, "We Are One", por Claudia Leitte, Jennifer Lopez e
Pitbull, mexeu com o público presente no estádio, mas o som pareceu
abafado para quem estava assistindo pela televisão.
A transmissão da Globo lembrou desfile de escola de samba no Carnaval.
Galvão Bueno esmerou-se na descrição didática dos acontecimentos, em tom
escolar: "Musica, dança e apresentação da natureza, na concepção de uma
artista belga", disse. Ao seu lado, Patricia Poeta seguiu na mesma
toada. "Mostrando a diversidade também da natureza".
Um dos momentos mais esperados, o "chute inicial" dado por um garoto paraplégico,
com a ajuda de um exoesqueleto (uma estrutura metálica que dá
sustentação e reage a comandos do cérebro, como andar e chutar) foi
praticamente ignorado na transmissão da Globo.
Uma hora depois de encerrada a cerimônia, Galvão Bueno reconheceu que a
cena passou sem o destaque merecido e exibiu o momento em detalhes,
explicando o trabalho do neurocientista Miguel Nicolelis.
Cerimônias de abertura de Copa do Mundo, a rigor, são sempre parecidas.
Não servem para muita coisa além de um "aquecimento" para o jogo de
abertura. A festa brasileira não comprometeu, mas também não será
lembrada por nada especial.
Até por isso pode ser explicada, no balanço geral, a recepção relativamente fria do público no Itaquerão à proposta de Cornez.
Alguns elementos cativaram o público, como as camas elásticas em
formato vitória-régia sobre as quais crianças fantasiadas de flores
saltavam. O uso de fantasias de árvores caminhantes lembrando as
criaturas da trilogia de "O Senhor dos Anéis" também se destacou.
Um problema foi a arquitetura do estádio, cujos espaços vazados
dispersavam o som e tornavam um pouco difícil. Mas ao final do evento, a
saudação ruidosa da plateia foi um sinal de aprovação. E houve até
abraço da diva Lopez com Claudia Leitte, o que no casa da temperamental
cantora americana é uma demonstração e tanto de afeto.
Depois dos aplausos, a plateia voltou a se unir, mas só que para soltar
palavrões contra a presidente Dilma Rousseff, à Fifa e ao seu padrão de
qualidade.
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