quinta-feira, 12 de junho de 2014

"O PESSIMISMO EM NÚMEROS"--ISTO É



Carlos José Marques, diretor editorial
 

De maneira demolidora os números da pesquisa do instituto americano Pew Research Center – um dos mais respeitados no mundo e que regularmente rastreia os humores de cidadãos em 82 países – traduziram o tamanho da insatisfação dos brasileiros com o seu governo. 


Os índices são assustadores e levaram a responsável pelo estudo, Juliana Horowitz, a dizer que tal nível de frustração nacional só tem paralelo com o de países que enfrentaram convulsões sociais, rupturas institucionais e crises como a do Egito. 


Segundo o trabalho, 86% dos entrevistados desaprovam a atuação de Dilma em relação à corrupção. 85% estão decepcionados com a maneira que a presidenta lida com assuntos como criminalidade e saúde. 76% criticam a falta de planejamento na área de transporte. 71% reclamam de sua política externa. 

63% condenam a sua gestão econômica. E nada menos que 72% do total, equivalentes a um universo de três em cada quatro brasileiros, estão descontentes com a chefe da Nação. 


As estatísticas surpreenderam os próprios realizadores do trabalho, não apenas pelo grau de decepção geral como também pela rapidez com a qual se deu essa virada de ânimo. 

No ano passado, o mesmo levantamento detectou um índice de insatisfeitos com Dilma da ordem de 55%. 

O salto ocorreu a partir das manifestações de rua para cá. Concretamente a pesquisa da Pew aponta a consolidação da onda de pessimismo. 

“Se cristalizou o cenário de avaliação mais negativa”, diz a analista Horowitz. Algo como uma queda do cavalo. Em curto tempo, nos pouco mais de três anos de mandato, o brasileiro passou da euforia generalizada ao desânimo em escala que beira a depressão. 

No QG da presidenta, a pesquisa Pew serviu como sinal de alerta. O responsável por sua campanha à reeleição, João Santana, admitiu o desgaste e reuniu-se com Dilma e Lula para afirmar que o cenário de queda de confiança do eleitor exigia uma radical mudança de postura. 

O problema é o tempo até as urnas e a personalidade pouco conciliadora de Dilma. Fatores como a apatia ministerial, que nesse período de Copa e eleição se acentua dada a falta de realizações dignas de nota, pesam contra. Na base de apoio a desmobilização visível também não ajuda. E é nesse ambiente que a descrença na mandatária toma corpo. 

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