quinta-feira, 12 de junho de 2014

Greves ameaçam setores-chave para Copa do Mundo









A apreensão com a greve dos metroviários em São Paulo marcou a contagem regressiva para o jogo de abertura da Copa do Mundo, no estádio Arena Corinthians. Mas essa não é a única ameaça de paralisação que desperta incertezas sobre o funcionamento de serviços-chave para o Mundial.

No Rio de Janeiro, policiais civis devem fazer uma assembleia na sexta-feira para discutir se cruzarão os braços e trabalhadores dos aeroportos já aprovaram uma greve que reduzirá em 20% seu efetivo por ao menos 24 horas.

Em Fortaleza, onde o Brasil joga com o México na terça-feira, motoristas e cobradores de ônibus anunciaram uma paralisação para o início da semana que vem.

E em São Paulo, os fiscais da prefeitura estão fazendo a primeira greve da história da categoria recusando-se a fiscalizar o cumprimento de regras da Fifa em áreas ao redor do Arena Corinthians e Fan Fests.

Seja porque os movimentos sindicais perceberam que os holofotes do Mundial aumentam seu poder de barganha frente a empresas e entidades governamentais - como defendem autoridades e alguns analistas.


Ou seja porque "colocaram" uma Copa do Mundo no meio de campanhas salariais de categorias que têm sua data-base em maio ou junho - como argumentam os sindicatos.

O fato é que as greves e protestos de organizações sindicais se tornaram uma grande dor de cabeça política e uma das maiores incógnitas envolvendo a organização dos Jogos.





Protestos e greves pelo Brasil

4.jun.2014 - Integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) fecham uma das pistas da Radial Leste, na zona leste de São Paulo, nesta quarta-feira (4). O protesto faz parte da campanha "Copa sem povo, tô na rua de novo", contra a realização da Copa do Mundo Nelson Almeida/AFP

Abaixo, a BBC Brasil fez um levantamento das principais ameaças de paralisação durante o Mundial:

Rio de Janeiro
Às vésperas da abertura da Copa do Mundo, os aeroviários do Rio de Janeiro anunciaram que pretendem cruzar os braços por 24 horas a partir da meia noite desta quinta-feira.

A categoria inclui atendentes de check-in, responsáveis pelo carregamento de bagagens e funcionários da limpeza, além de outros agentes e fiscais.

A greve deve ficar dentro das regras aprovadas pelo Tribunal Regional do Trabalho, que estipulam uma redução máxima de 20% no efetivo de aeroviários.

"Não descartamos novas paralisações futuras, já que os sindicatos patronais não querem ceder", disse a BBC Brasil Luiz Braga, diretor do Sindicato Municipal dos Aeroviários do Rio de Janeiro (Simarj)

"Estamos trabalhando sobrecarregados. Há muitos voos extras, muito mais passageiros durante a Copa. Pedimos um abono, um salário a mais, para compensar. Não queremos prejudicar a Copa, mas são os nossos direitos", acrescentou Braga.

Em nota enviada à BBC Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), disse que vai monitorar a situação e que as empresas do setor aéreo possuem planos de contingência para o Mundial.

Outra categoria que pode cruzar os braços na Copa são os policiais civis fluminenses, que se reúnem na sexta-feira para tomar uma decisão. No caso de uma greve, 30% do seu efetivo sairia das ruas.

Os policiais pedem a incorporação em seu salário de uma gratificação recebida mensalmente.

"O governo disse que faria a incorporação nesta semana - mas até agora nada. Se não fizerem isso até sexta-feira, é provável que haja, sim, paralisação durante a Copa", diz Marcio Bastos, vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro.

Além disso, também há apreensão sobre a possibilidade de greve dos motoristas rodoviários, que já cruzaram os braços duas vezes nos últimos meses e não conseguiram o reajuste de 40% que demandam.

Os metroviários votaram na noite de terça-feira por não entrar em greve, mas, segundo analistas, o acordo aprovado com o Metrô Rio é sujeito a contestações - já que foi aprovado em uma votação apertada e marcada por polêmicas.

Para completar, servidores de museus federais também estão em greve. O movimento, que já dura um mês, tem especial impacto no Rio, onde a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu Vila Lobos, entre outras instituições, estão fechados.

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, disse na quarta-feira que entrou na Justiça para pôr fim à paralisação e sugeriu que os turistas visitem outros museus que estariam funcionando normalmente.

São Paulo
Em São Paulo, os metroviários decidiram não retomar a greve nesta quinta-feira, mas pretendem participar de protestos com representantes de diversas centrais sindicais para pedir a reintegração de 42 colegas demitidos após o Tribunal Regional do Trabalho condenar o movimento.

Também não descartam novas paralisações durante o Mundial e, na avaliação do sociólogo Ruy Braga, da USP, o fato de o governo do Estado ter se mostrado muito duro na negociação deve manter o clima tenso no setor.

Funcionários de universidades estaduais, que estão em greve desde maio, pretendem prestar solidariedade aos metroviários.

Além disso, os fiscais da prefeitura devem cruzar os braços a partir desta quinta-feira pela primeira vez na história da categoria.

Tradicionalmente, esses fiscais, ou "agentes vistores", são responsáveis pela fiscalização da aplicação da chamada "lei do psiu" (que combate a poluição sonora na cidade), de regras ligadas ao uso e ocupação do solo e de outras centenas de leis municipais.

Com a Copa, porém, eles foram convocados para supervisionar também o cumprimento de regras da Fifa nas proximidades dos estádios e Fan Fests.

Eram eles que iriam fiscalizar a presença de camelôs ou de propaganda de empresas que não são patrocinadoras do Mundial nesses locais.

"Mas estamos sem reajuste salarial desde 2008 e precisamos urgentemente de uma estrutura de carreira. O fato de ainda por cima nos pedirem para trabalhar para a Fifa foi a gota d'água", disse à BBC Brasil Claret Fortunato, do Sindicato dos Agentes Vistores e Agentes de Apoio Fiscal do Município de São Paulo (Savim).

E os agentes vistores não são os únicos funcionários da prefeitura que podem cruzar os braços durante o torneio.

"Nas próximas duas semanas serão realizadas diversas reuniões nas quais um dos temas a ser discutido é a possibilidade de uma paralisação", informou a assessoria do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), que representa desde funcionários do setor de educação até agentes do serviço funerário.

Brasília
Em Brasília, a principal greve em curso que, em tese, pode afetar a realização da Copa é a de servidores da Caesb, responsável pelo abastecimento de água no Distrito Federal.

Os trabalhadores, em greve desde 19 de maio, exigem aumento salarial de 18%. Segundo o sindicato da categoria, 30% dos funcionários seguem trabalhando. Por ora, não há relatos de problemas no abastecimento de água de Brasília por causa da greve.

Na quinta-feira da semana passada, houve uma interrupção por quatro horas no bombeamento da água de três estações, mas a companhia diz ter retomado a atividade antes que os consumidores fossem afetados.

Questionada pela BBC Brasil, a companhia não informou se pode haver falhas no fornecimento de água durante o Mundial.

As demais greves em curso na capital não oferecem riscos diretos ao torneio. Alunos da Universidade de Brasília (UnB) ocupam a reitoria da instituição há duas semanas, em protesto contra a abertura de processos administrativos que investigam atos de vandalismo em seu campus principal.

Também estão em greve, desde a terça-feira, os funcionários da estatal de energia Furnas, que controla hidrelétricas que abastecem a capital federal. Um pequeno contingente de trabalhadores, porém, garante a manutenção das operações da empresa.

Nas últimas semanas, outros sindicatos em Brasília entraram em greve, entre os quais o de funcionários de empresas de ônibus. Os movimentos, porém, foram encerrados após acordos com os patrões.

Outras capitais
Em Fortaleza, os motoristas e cobradores de ônibus marcaram uma greve para a segunda-feira da semana que vem, um dia antes do jogo do Brasil contra o México.
O ônibus é o principal meio de transporte até o estádio e o setor diz que se suas reivindicações (que incluem um reajuste salarial de 15%) não forem atendidas, não vai voltar atrás na paralisação.

Em Natal, uma decisão da Justiça condenou uma greve de guardas municipais, médicos e agentes de saúde durante o Mundial - embora não tenha ficado claro como como as categorias responderão a decisão.

Além disso, os Sindicato dos Rodoviários (Sintro) decidiu manter a paralisação marcada esta quinta-feira e pretende tirar de circulação 70% dos ônibus municipais e 50% dos intermunicipais.

Já em Porto Alegre os servidores municipais fizeram greve nos últimos dez dias e deveriam decidir, em um encontro com representantes da prefeitura, na manhã desta quinta-feira, se dariam prosseguimento estratégia.






Onda de greves no transporte público dá origem a piadas nas redes sociais 

As greves de alguns motoristas e cobradores de ônibus na cidade de São Paulo, nesta semana, deram origem a piadas em redes sociais. Usuários de serviços como Twitter, Instagram e Facebook divulgam em seus perfis imagens como esta acima, que satirizam o transtorno enfrentado por moradores de São Paulo diante da paralisação 


Leia mais Reprodução/Gramfeed


Comentarios

  1. Brasileiro1964


    Vim trabalhar de luto (camisa preta), tenho direito de expressar meu pensamento em oposição ao circo que aos poucos vai invadindo a mente dos normóticos e transformam o país numa grande farça !!! Estou de luto pelas crianças que morrem de fome, pelos doentes sem condições mínimas em nossos hospitas, pelos trabalhadores que precisam mendigar uma remuneração digna.... enquanto os normóticos gritam: goooool :(

  2. Avatar de X Man 2013

    X Man 2013


    Sindicatos ligados a partidos de extrema esquerda, querem se aproveitar da situação, por outro lado têm uma massa mal informada que vai atrás das propostas ridículas, querem ir para a rua igual os metroviários ???? Eles duvidaram agora vão vender picolé na estrada.


  3. Avatar de redator

    redator


    Fiquem tranquilos, não havera greves durante a copa !!
  4. Avatar de ansiga

    ansiga

    2 horas atrás
    E DEPOIS QUEREM O NOSSO APOIO.
  5. Avatar de Beto_67

    Beto_67


    O motivo pra isso tudo estar acontecendo é muito simples: Existem 100.000 coisas mais URGENTES e IMPORTANTES para serem feitas no país (saúde, educação, segurança, infraestrutura, mais empregos na indústria, mais competitividade internacional, melhores condições de trabalho, reforma política, reforma tributária, etc. etc. etc.). Mas NÃO!!! Ao invés de resolver os REAIS problemas do país, este governo resolve trazer copa, ajudar cuba, investir em estádios na Amazônia, Brasília etc. Isso É o cúmulo do descaso c/ a qualidade de vida do cidadão brasileiro. O mais claro exemplo de ´pão e circo´ p/ um povo!!
  6. Avatar de olho-vivo

    olho-vivo


    É nisso que dá país pobre de dinheiro e cultura inventar de fazer evento assim. Só passa vergonha.
  7. Avatar de Stuart26

    Stuart26

    3 horas atrás
    Se nosso governo fosse justo, isto não aconteceria em uma momento como este. O problema é que o governo não quer nem saber dos problemas do povo, então, que aproveitem a copa para protestar e fazer com que o governo ouça-nos.
  8. Avatar de Ares Silverfox

    Ares Silverfox


    "a cobra vai fumar"...


     COMENTARIO

    Caroline


    Contraponto...“Alerta ao povo brasileiro”... A partir de hoje 12/junho/2014 até o dia 13/julho/2014, fiquem bastante atentos no político que você elegeu, principalmente para cargos de governadores, deputados/federais/estaduais, senadores e Presidente da República. 

     Nesses dias de jogos da Copa eles costumam tramar contra o povo, vendendo patrimônio público e criando Leis que prejudicam você cidadão. Vocês se lembram daquela PEC no ano passado na Copa das confederações, que seria votada bem no dia que o Brasil disputava a semi-final? 

    Portanto, atenção redobrada povo brasileiro, nesses dias. Vocês podem torcer para a seleção brasileira, mas não fiquem vendidos nem alienados com o oba-oba da Copa, porque esse evento dura apenas 31 dias e o prejuízo que você poderá ter depois será eterno.

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