Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
As greves que atingem especialmente o setor público em São Paulo nas últimas semanas são lideradas por sindicatos cujas direções são ligadas a partidos com tendências políticas distintas, que vão de legendas socialistas, como PSTU e PSOL, até aliados do PSDB --como o PPS ou Solidariedade--, além do PT (veja as tabelas no final do texto).
A conjuntura atual é diferente daquela vista nas décadas de 80 e 90, quando a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e o PT comandavam quase a totalidade das paralisações. O surgimento de novas centrais nos últimos 15 anos, muitas delas fundadas por dissidentes da CUT e da Força Sindical, ajuda a explicar a pulverização.
As greves atuais também se inserem num fenômeno de retomada das paralisações, que voltaram a crescer nos últimos anos após perderam força entre o final da década de 90 e a metade da década de 2000. Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o ano de 2012 foi o que teve mais greves (873) desde 1997 --a entidade ainda contabiliza os dados de 2013.
Para Paulo Pasin, presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), a onda de protestos do ano passado também impactou o movimento sindical. "Não há dúvidas de que depois de junho de 2013 a luta sindical entra em outro patamar. A categoria está mais disposta a brigar."
Neste ano, a data-base de várias categorias coincidiu com as semanas que antecederam a Copa do Mundo, fator que jogou pressão aos governantes para atender as reivindicações trabalhistas.
"As greves estão acontecendo este ano porque os trabalhadores avaliam que o momento é oportuno para pressionar e obter conquistas salariais. A Copa provavelmente fez aumentar o número de greves", afirma o economista José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese
Metrô e universidades
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) enfrenta ao menos três greves: metroviários, servidores da saúde e a paralisação unificada de professores, funcionários e estudantes das três universidades estaduais (USP, Unicamp e Unesp). Quando os metroviários entraram em greve, o tucano afirmou haver "motivação político-eleitoral" na paralisação, a exemplo do que declarou em anos anteriores.A direção do Sindicato dos Metroviários é composta por militantes do PSTU, que são majoritários, e do PSOL. Os dois partidos se declaram de oposição tanto ao PT, quanto aos tucanos, e não possuem grande expressão eleitoral --O PSTU não tem deputados federais e o PSOL tem três.
O presidente do sindicato, Altino Melo Prazeres, militante do PSTU, disse que há petistas, militantes do PC do B e até tucanos na base da categoria.
PSOL e PSTU também são as principais forças que organizam as paralisações nas universidades estaduais, espaços em que o PT perdeu terreno desde meados da década de 2000.
Durante a greve, os metroviários receberam apoio de todas as centrais sindicais, inclusive a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a UGT (União Geral dos Trabalhadores), atualmente dirigida por filiados do PSD e que no passado foi próxima ao PSDB.
A Força Sindical também manifestou apoio à greve e pediu que Alckmin negociasse com os metroviários.
Os principal dirigente da central é o deputado federal Paulinho da Força (SP), líder do Solidariedade, que já fechou apoio ao senador tucano Aécio Neves na disputa presidencial.
O presidente da central, Miguel Torres, oferecido pelo Solidariedade para ser vice de Aécio, também declarou apoio aos metroviários e fez críticas ao governador.
Em greve desde maio, o Sindsaúde, sindicato que representa os servidores estaduais da saúde, é filiado à CUT, e o presidente da entidade, Gervásio Foganholi, é militante do PT.
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